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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Mártires, fonte de inspiração e esperança

Mulher palestina visita seus entes queridos em um cemitério na cidade de Nablus, Cisjordânia ocupada, em 15 de outubro de 2013 [Nedal Eshtayah/Apaimages]

Os mártires ocupam um espaço especial nos corações e nas mentes dos palestinos. Na Declaração de Independência da Palestina, escrita pelo poeta palestino Mahmoud Darwish e proclamada por Yasser Arafat, em 15 de novembro de 1988 em Argel, Argélia, é feito um juramento de luta sem tréguas perante e em honra do sacrifício e do sangue de milhares de mártires palestinos que caíram na luta, fonte de inspiração e esperança para os que lutam para pôr fim à ocupação e estabelecer a soberania e a independência da Palestina.

O martírio é um dos conceitos importantes do Islã, e diz respeito não apenas ao sacrifício e à entrega da própria vida em benefício do coletivo, da Ummah (Nação) islâmica. Segundo o Islã, são mártires (Shahid, em árabe) aquelas pessoas que sofrem perseguição e que morrem no campo de batalha, enfrentando o inimigo por uma causa justa e legítima; quem morre para salvar outros; as vítimas inocentes; e o não muçulmano que morre lutando por uma causa justa ou pelo seu país.

Nesse contexto, o mártir é, antes de tudo, um Mujahideen ou fida’yyin, um guerrilheiro da resistência palestina, um combatente muçulmano disposto ao sacrifício da própria vida por uma causa baseada na justiça e na luta contra a opressão. No Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, está dito: “E não creais que aqueles que sucumbiram pela causa de Allah [Deus] estejam mortos; ao contrário, vivem, agraciados, ao lado do seu Senhor” (3:169).

O martírio também denota o exercício do Jihad, palavra árabe que significa “empenhar-se”, “luta”, “esforço” para conseguir algo, esforçando-se, nesse caso, por justiça ou contra a injustiça. O esforço pela defesa e segurança da Ummah islâmica indica que todo muçulmano tem o dever de lutar em favor do seu irmão de fé e defender a comunidade em geral contra as ameaças estrangeiras e as arbitrariedades internas.

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Ao longo de séculos, o povo palestino deu milhares de mártires à sua causa de libertação, que remonta às batalhas contra cruzados, romanos, persas, otomanos, britânicos e, nos últimos 73 anos, judeus sionistas vindos da Europa para implantar um projeto colonial de supremacia judaica na Palestina.

Em 2002, um grupo de mais de 70 intelectuais palestinos, incluindo os nomes de Mahmud Darwich, Rima Tarazi, Georges Ibrahim, Jamal Salsa, Izzat Ghazzawi e Mazen Saadeh, divulgou um manifesto contra mais uma das operações militares israelense naquele ano. Num dos trechos, eles citam a dura realidade em que “Os vivos são privados do direito básico à vida, e aos mártires se rejeitam túmulos para um repouso em paz. Acima de tudo, porém, o que vemos agora é a expressão do desejo de um povo que não tem outra escolha a não ser resistir.”

Quando os cristãos conquistaram Jerusalém pela primeira vez, em 1099, o que se viu foi um massacre, a partir do qual foram martirizados centenas de não cristãos (infiéis). Quando Salah ad-Din Yusuf ibn Ayyub (Saladino) reconquistou Jerusalém, em 1187, temia-se um massacre contra os não muçulmanos. Contudo, Saladino, no alto do seu poder militar, deu mostras do mesmo respeito e da mesma compaixão pelos habitantes cristãos que o califa Omar havia dedicado cinco séculos antes, permitindo que recolhessem seus mortos e lhes dessem um tratamento adequado.

Recentemente relembramos o martírio do líder histórico da Organização para Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, que entregou sua alma ao Criador na manhã de 11 de novembro de 2004, no Hospital Militar Percy, em Paris. Arafat lutou por 13 infindáveis dias contra doença que, depois se soube, havia sido motivada por envenenamento por Polônio-210, por parte de “Israel”, conforme estudos de legistas da Suíça, Rússia e França. Após os resultados das análises, sua esposa, Suha Arafat, declarou que estava revelado “um verdadeiro crime, um assassinato político. Está cientificamente provado que ele não morreu de morte natural.”

Arafat se dizia um soldado palestino, que usaria sua arma para defender não apenas ele mesmo, mas também todas as crianças, as mulheres e os homens palestinos e a existência da Palestina. Certa vez, ele questionou em uma entrevista à Agência Reuters: “Há alguém na Palestina que não sonhe com o martírio?”. “Israel” recusou permitir que Arafat fosse enterrado no terreno da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, cidade onde nasceu. Seus restos mortais estão no memorial construído ao lado de onde funcionou a Mukata’a, o seu escritório em Ramallah.

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Outros mártires são reverenciados pelos palestinos, como o Sheikh Ahmad Yassin, um dos fundadores do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que havia sobrevivido a duas tentativas de assassinato. A primeira, em 2002, ocorreu no distrito de Sabra, na cidade de Gaza; e a segunda, em setembro de 2003, quando uma bomba foi lançada sobre um prédio onde vários líderes do Hamas estavam reunidos.

O Sheikh Ahmed Yassin foi um homem conhecido por sua alta moral, força de vontade, determinação, sabedoria de como administrar as organizações islâmicas, visão profunda das questões relacionadas à causa palestina e atitude firme de não ceder nenhum centímetro da Palestina, independentemente das consequências. Foi martirizado num ataque seletivo do Mossad em Gaza, no dia 22 de março de 2004, quando um helicóptero disparou um míssil que o atingiu enquanto se deslocava em sua cadeira de rodas pelas ruas da cidade, vitimando também mais nove mártires palestinos.

Em 22 de julho de 2002, aviões de guerra israelenses lançaram uma bomba de uma tonelada que destruiu totalmente o prédio em que morava Salah Shehada, matando 18 palestinos, incluindo Shehada, sua esposa e uma de suas filhas, de 14 anos de idade, além de seguranças e outras crianças. Shehada é o fundador do primeiro ramo militar do Hamas, denominado Al-Mujahidoon Al-Filistiniyoon (Os Mujahideen Palestinos), depois transformado nas Brigadas Izzi ad-Din al-Qassam, o maior e mais bem equipado grupo que opera hoje em Gaza, cujo nome é uma referência ao clérico Izz ad-Din al-Qassam, um pregador muçulmano nascido na Síria em 1882.

Glória eterna à memória dos homens e das mulheres, de todas as raças e credos religiosos, que são mártires da luta contra as injustiças e ousaram conquistar a liberdade, a soberania e a autodeterminação de seus povos. O sangue dos mártires continuará sendo o combustível para a luta pela liberdade palestina contra a ocupação colonial israelense.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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