Em discurso proferido nesta sexta-feira (19), o presidente tunisiano Kais Saied advertiu: “O país somente pode ser purificado após retirarmos das instituições públicas aqueles que querem frustrar suas capacidades e deixar seus jovens na miséria”.
O texto foi compartilhado pela Presidência da República no Facebook, após um encontro com o Ministro do Trabalho e Treinamento Vocacional, Nasreddine Nsibi.
O encontro devotou-se a discutir a Lei n° 38 de 13 de agosto de 2020, relacionada às “medidas excepcionais” tomadas por Saied, para designar um departamento do governo a indivíduos desempregados há mais de dez anos.
“Eles venderam falsas ilusões aos jovens, que os fazem crer que alguns textos legais serão implementados, embora aqueles que os redigiram e aprovaram saibam muito bem que isso não acontecerá”, insistiu o presidente.
De sua parte, comentou Nsibi: “As autoridades responsáveis por emitir a lei [sobre o mandato no setor público] não tinham qualquer intenção de efetivamente implementá-la, mas sim pretendiam mentir aos cidadãos desempregados”.
“Saied confirmou que o setor público não pode acomodar mais empregados”, prosseguiu o ministro. “Certamente sabem que não devemos vender ilusões”.
Na terça-feira (17), informações do Instituto Nacional de Estatísticas da Tunísia mostraram aumento considerável nos índices de desemprego do mercado local — de 17.9% a 18.4% entre o segundo e terceiro trimestre de 2021.
Desde 25 de julho, a Tunísia vivencia uma crise política, após o presidente assumir poderes executivos, congelar o parlamento, abolir o órgão de supervisão constitucional, passar a governar por decreto, destituir o premiê e compor um novo gabinete.
A maioria das forças políticas no país consideram as medidas de Saied como golpe contra a constituição. Outros apoiam o presidente ao descrever suas ações como “correção de curso na revolução de 2011”, que depôs o ditador Zine El Abidine Ben Ali.
Nos últimos três meses, a capital tunisiana vive protestos regulares, incluindo milhares de pessoas, contra os avanços do presidente — cujo mandato termina em 2024.
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