O Primeiro-Ministro do Sudão Abdalla Hamdok será restaurado ao cargo neste domingo (21), semanas após ser destituído pelas Forças Armadas, afirmaram duas fontes de seu então governo, em condição de anonimato, à agência de notícias Anadolu.
Segundo as informações, Abdul Fattah al-Burham — chefe do conselho militar sudanês e governante de facto do país — reuniu-se com Hamdok na noite deste sábado (20) e concordou reavê-lo ao cargo e libertar prisioneiros políticos.
Acadêmicos, religiosos, políticos e outros mediaram o acordo.
Hamdok deverá então compor um “gabinete tecnocrata”, com anuência e participação dos movimentos rebeldes que assinaram o armistício de Juba.
As fontes, no entanto, observaram que serão mantidas conversas entre o exército e forças políticas sudanesas — sem a presença do ex-premiê e seu partido —, para tratar de detalhes e emendas da declaração constitucional.
Em 25 de outubro, al-Burhan declarou “estado de emergência” e dissolveu o governo de transição e o Conselho Soberano, em meio a protestos e acusações mútuas entre os componentes militares e civis que controlam o país.
Al-Burhan insiste que as medidas foram tomadas para proteger o Sudão de um “iminente perigo” e acusou opositores de “semear o caos”.
Antes do golpe militar, o Sudão era administrado por um conselho executivo civil-militar, incumbido de monitorar a transição democrática até eleições previstas em 2023, como forma de um precário pacto de compartilhamento de poder.
Comitês de resistência e Associação de Profissionais do Sudão (SPA) convocaram uma “marcha de milhões” para este domingo, a fim de responder à tomada militar.
Desde outubro, não obstante, ao menos 40 manifestantes morreram, confirmou ontem o Comitê Central de Médicos do Sudão.
LEIA: Chefe de direitos humanos da ONU condena morte de manifestantes no Sudão