A Jordânia vivencia uma onda de indignação política e popular após confirmar um acordo com Israel, segundo o qual concederá energia elétrica à ocupação em troca de recursos hídricos via dessalinização, reportou nesta quarta-feira (24) a agência de notícias Safa.
Segundo o novo memorando de entendimento — assinado por Jordânia, Israel e Emirados Árabes Unidos, na segunda-feira (22) —, usinas de energia solar instaladas no deserto hachemita poderão abastecer assentamentos ilegais nos territórios palestinos ocupados.
Estudos sobre a viabilidade do acordo terão início no próximo ano, afirmou o Ministério de Recursos Hídricos da Jordânia. A monarquia — segundo país mais seco do mundo — deverá obter cerca de 200 milhões de metros cúbicos de água por ano, sob o novo arranjo.
Em outubro, o regime jordaniano concordou com Israel em comprar 50 milhões de metros cúbicos de água além do montante especificado pelo “acordo de paz” de 1994.
Grupos populares, todavia, descreveram a medida como “nova normalização”, ao apontar que o tratado basicamente põe o destino do país árabe nas mãos da ocupação israelense.
“Rejeitamos essa normalização com a entidade sionista, que exerce os piores crimes e a pior forma de terrorismo contra nossas famílias e irmãos na Palestina ocupada”, declarou a Irmandade Muçulmana na Jordânia, ao advertir para a indignação pública.
“Nosso movimento condena colocar setores vitais e estratégicos nas mãos de uma entidade hostil, que não respeita seus acordos e compromissos”, acrescentou.
O partido Parceria e Salvação descreveu o acordo como “nova decepção” com o governo jordaniano: “Basta desse absurdo! O Ministro da Informação nega as negociações de manhã, somente para que Ministro de Recursos Hídricos assine o acordo naquela mesma noite!”
Outras entidades populares também rechaçaram o arranjo e reafirmaram seu apoio à resistência da população nativa contra a ocupação na Palestina histórica.
ASSISTA: Relembrando o Tratado de Wadi Araba e a ‘paz fria’ da Jordânia com Israel