A morte do ex-parlamentar Hamdy Hassan, aos 63 anos, enquanto em custódia das autoridades penitenciárias do Egito, motivou uma nova campanha nas redes sociais contra o regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi, segundo informações da rede Arabi21.
Ativistas no país e na diáspora condenaram o governo, ao acusá-lo de adotar uma política de “negligência médica deliberada” contra oponentes políticos na prisão.
Hassan foi congressista por três mandatos, entre 2000 e 2012 — sobretudo na era do falecido ditador Hosni Mubarak. Entre 2005 e 2010, Hassan foi porta-voz do bloco parlamentar da Irmandade Muçulmana, que incluía 88 deputados.
Em 19 de agosto de 2013, Hassan foi preso, logo após o golpe militar liderado por Sisi contra Mohamed Morsi, primeiro presidente eleito democraticamente no Egito.
“Allah libertou o senhor, meu pai”, declarou seu filho Baraa, nas redes sociais. “Temos esperanças de que Allah tenha recebido o senhor como mártir, escolhido por Ele, meu pai, após oito anos nas prisões dos opressores”.
Baraa observou que o regime proibiu a família de visitar seu pai há cinco anos. Somente seis pessoas puderam participar do velório, realizado sob rigorosas medidas de segurança.
“Meu pai, o senhor viveu forte, encarcerado como um verdadeiro campeão, e morreu como mártir”, acrescentou. “Eles se recusaram a permitir uma oração ao senhor … Tenho esperanças de que Allah aceite o senhor e assuma vingança contra seus assassinos”.
Segundo a rede Arabi21, ativistas lamentaram o falecimento do ex-parlamentar e entoaram críticas contundentes aos carcereiros, promotores, juízes e governantes do Egito.
Alguns usuários das redes sociais reafirmaram que Sisi busca eliminar todos os opositores políticos, ao aprisioná-los sob uma política sistemática de “morte lenta”, que abrange negligência médica, fome e falta de luz solar.
Ativistas e grupos de direitos humanos denunciam que ao menos 119 prisioneiros políticos faleceram nas cadeias do país, sob o regime militar.
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