O Egito voltou a conduzir ataques aéreos na região do Sinai do Norte na manhã deste domingo (28), segundo informações da rede de notícias New Arab.
Além disso, o exército nacional invadiu novamente as cidades de Rafah e Sheikh Zuweid.
Em meados de agosto, aviões de guerra lançaram um ataque contra Sheikh Zuweid e oeste de Rafah, supostamente como retaliação pela morte de um brigadeiro do exército, após um atentado contra seu veículo conduzido por um grupo local filiado ao Estado Islâmico (Daesh).
O Egito insiste em responder a “atividades terroristas” na província do Sinai do Norte.
Entretanto, organizações de direitos humanos denunciam o uso desproporcional da força, sobretudo como medida punitiva contra a população civil que habita a região.
A cidade de Rafah — na fronteira com a Faixa de Gaza — foi destruída. Mais de 50 aldeias foram arrasadas, junto de 120 mil hectares de terra. Cem mil residentes foram deslocados pela ofensiva do regime egípcio e estima-se mais de 20 mil mortos ou desaparecidos.
No início de agosto, a Anistia Internacional solicitou uma investigação sobre um vídeo publicitário divulgado pelo exército egípcio, o qual registrou indivíduos em fuga baleados e mortos, durante uma suposta operação de segurança no Sinai do Norte.
Nas imagens, um soldado atira à queima-roupa contra uma pessoa que dormia em uma tenda; outra vítima foi baleada enquanto corria no deserto.
O vídeo retomou apelos para que os Estados Unidos rescindam sua ajuda militar ao Egito, até que oficiais acusados de violações de direitos humanos sejam responsabilizados.
Em novembro, a publicação francesa Disclose revelou, por meio de centenas de documentos oficiais, que uma operação de inteligência franco-egípcia regularmente atacou e mesmo assassinou civis, suspeitos de atravessar a fronteira com a Líbia.
A operação foi propagandeada como meio para identificar ameaças terroristas no Norte da África, ao longo do deserto, mas a reportagem investigativa concedeu evidências do uso de aviões de vigilância franceses para atacar beduínos.
Segundo os documentos, entre 2016 e 2018, tropas da França tiveram envolvimento em potencial com ao menos 19 bombardeios contra civis — centenas foram mortos.
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