No aniversário do plano de partilha, Mohammed el-Kurd discursa na ONU

Como parte do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, coincidindo com o 74° aniversário do plano de partilha, o ativista e escritor palestino Mohammed el-Kurd realizou  nesta segunda-feira (30) uma fala na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Com seu característico sarcasmo, el-Kurd agradeceu a comunidade internacional por seus “discursos revolucionários” e acrescentou: “Tenho certeza que as autoridades da ocupação [Israel] estão preocupadíssimas agora”.

El-Kurd observou ainda que a ocupação israelense e seus crimes de guerra “não serão impedidos por notas de repúdio e sobrancelhas eriçadas … tampouco tuítes de preocupação”.

Ao contrário, insistiu que o problema não se deve à ignorância dos fatos, mas à falta de ação por parte dos órgãos internacionais e destacou a urgência de “medidas políticas transformadoras”, incluindo esforços de boicote e sanções em âmbito estatal.

No aniversário do plano de partilha, Mohammed el-Kurd discursa na ONU

“Eu sei que a ocupação terá seu fim”, conclui el-Kurd. “A causa palestina será vitoriosa. Merecemos justiça e liberdade em nosso tempo de vida; merecemos nossa terra de volta”.

Mohammed e sua irmã gêmea, Muna el-Kurd, foram nomeados entre as cem pessoas mais influentes do mundo pela revista TIME, em setembro, por seu papel nos protestos contra a expropriação de casas palestinas no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém ocupada.

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“Via postagens e aparições de mídia … Mohammed e Muna el-Kurd ofereceram ao mundo uma janela para enxergar a vida sob ocupação em Jerusalém Oriental — ajudando a formar uma mudança internacional na retórica sobre a questão palestina”, justificou a revista.

“Carismáticos e ousados, ambos se tornaram as vozes mais reconhecidas entre aqueles ameaçados de perder suas casas em Sheikh Jarrah”, reafirmou.

Ainda ontem, Israel protestou contra o evento das Nações Unidas em solidariedade ao povo palestino. O embaixador Gilad Erdan descreveu o evento, incluindo suas menções ao direito consagrado de retorno dos refugiados palestinos, como “ultrajante”.

“Em 29 de novembro, há exatos 74 anos, as Nações Unidas reconheceram o direito do povo judeu a um estado próprio”, alegou o diplomata israelense. “Judeus e Israel aceitaram a partilha; palestinos e árabes preferiram rejeitá-la e tentaram nos destruir”.

Em contrapartida, o Conselho Nacional Palestino — filiado à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) — observou em comunicado que os direitos do povo palestino são “imutáveis, inalienáveis, consagrados e não desaparecerão”.

O Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, também declarou que os palestinos “não tolerarão para sempre a ocupação israelense”.

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