O primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok, advertiu ontem que deixaria o cargo se o exército não respeitasse o acordo feito com ele, informou o Arabi Post.
Em 21 de novembro, Hamdok chegou a um acordo com o exército no qual ele retornaria ao cargo de primeiro-ministro semanas depois de ter sido deposto pelos militares do país.
O acordo de 14 pontos inclui uma promessa dos militares de que todos os presos políticos seriam libertados. Também autoriza Hamdok a formar um governo tecnocrata.
O Arabi Post disse que o golpe realizado pelo chefe do Exército sudanês, Abdul Fattah Al-Burhan, pôs fim ao acordo de divisão de poder que foi alcançado entre o exército e as forças que ajudaram a derrubar o ex-presidente Omar Al-Bashir em 2019.
Al-Burhan insistiu que seu movimento mais recente contra Hamdok não foi um golpe, descrevendo-o como uma tentativa de “retificar a transição”.
Ontem, dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas de Cartum, reiterando sua rejeição aos acordos e às negociações com o exército.
As Forças para a Declaração de Liberdade e Mudança, o grupo que liderou o levante que culminou na derrubada de Al-Bashir, disse que o acordo com Hamdok dá ao chefe do exército o poder de permanecer chefe do Conselho Soberano.
Durante os protestos antigolpe desde a remoção de Hamdok do poder, 43 manifestantes foram mortos. Hamdok disse que aceitou o acordo para impedir o derramamento de sangue.
Hamdok emitiu ontem um decreto para designar novos vice-ministros para substituir a maioria dos ministros designados pelo exército.
Dezenas de detidos também foram libertados, mas, de acordo com o Arabi Post, os advogados disseram que muitos outros continuam detidos.
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