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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Estudante palestina segue os passos de seu pai encarcerado por Israel

Meninas palestinas atrás de grades falsas em protesto pela soltura de prisioneiros mantidos nas cadeias de Israel, em Rafah, sul da Faixa de Gaza, 20 de abril de 2014 [SAID KHATIB/AFP via Getty Images]
Meninas palestinas atrás de grades falsas em protesto pela soltura de prisioneiros mantidos nas cadeias de Israel, em Rafah, sul da Faixa de Gaza, 20 de abril de 2014 [SAID KHATIB/AFP via Getty Images]

Randa Rimawi tinha apenas oito meses de idade em 2001, quando seu pai, Abd al-Karim Rimawi, foi detido por soldados israelenses, ao tentar atravessar com seu veículo o checkpoint militar de Halamish, ao sul de Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

Seu pai foi condenado a 25 anos de prisão sob acusações de conduzir ataques contra forças da ocupação durante a Segunda Intifada, entre 2000 e 2005. Quando foi preso, Abd al-Karim estava no último ano de sua graduação na Universidade de Birzeit.

“Cresci sem meu pai por perto”, reafirmou Randa à agência Anadolu. “Israel jamais o permitiu ir aos meus aniversários, meu primeiro dia na escola ou minha formatura no colegial”.

A jovem costumava colocar fotografias de seu pai ao redor da mesa, durante suas festas de aniversário, para ao menos sentir sua presença: “Celebrei 22 aniversários sem a presença de meu pai, mas sei que ele também comemora à sua própria maneira”.

Mesmo colégio

Dois meses antes do aniversário de sua filha, Abd al-Karim costumava escrever uma carta de seu cárcere e encaminhá-la à sua família. “Meu pai escreve com antecedência para garantir que chegue a tempo, pois demora muito para chegar”, observou Randa.

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Todas as cartas acompanham um retrato de Randa desenhado por seu pai.

“Um dia, voltei da escola e perguntei à minha mãe por que meu pai não vivia conosco, como com as outras crianças. Essas perguntas continuam na minha cabeça dia e noite”.

Quando formou-se no ensino médio, a jovem palestina decidiu matricular-se no curso de jornalismo da Universidade de Birzeit — o mesmo escolhido por seu pai, antes de ser preso.

“Estou no último ano da minha faculdade. Tenho 22 anos agora, a mesma idade que meu pai tinha quando foi detido”, prosseguiu Randa. “Nunca imaginei que meu pai passaria todos esses anos na cadeia. Às vezes, sonho que nos formamos juntos”.

Há aproximadamente 4.850 palestinos em custódia da ocupação israelense, incluindo 225 menores de idade e 40 sob detenção administrativa — isto é, sem julgamento ou acusação —, segundo instituições que monitoram os direitos dos prisioneiros palestinos.

Reunião

Recentemente, Abd al-Karim recebeu seu diploma de bacharel em ciências sociais pela Universidade Pública de al-Quds. Sua filha recebeu o certificado em seu nome durante uma cerimônia em Ramallah.

Abd al-Karim, no entanto, ainda deseja concluir seu curso de jornalismo.

“Creio que sou um reflexo da luta do meu pai, então faço o meu melhor para torná-lo orgulhoso”, insistiu Randa. “Discuto com ele todos os detalhes de meus projetos universitários e sempre levo em consideração suas opiniões”.

“Estou tentando fazer com que alguns de seus sonhos se tornem realidade, até que finalmente seja libertado”, acrescentou.

Em 2013, nasceu o único irmão de Randa, Majd, por meio de inseminação artificial com esperma contrabandeado da cadeia. No entanto, Abd al-Karim foi então transferido à solitária por meses e sua família não pôde visitá-lo por um ano inteiro.

“O nascimento de Majd trouxe uma nova luz às nossas vidas”, enfatizou Randa. “Esperamos o dia em que poderemos nos reunir com nosso pai e viver uma vida normal”.

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