Ismail Haniyeh, líder político do movimento de resistência palestina Hamas, afirmou ontem (2) que há acontecimentos regionais em curso com potencial interesse à causa palestina, a fim de conter os acordos de normalização com Israel e resistir à ocupação.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Haniyeh fez seus comentários durante a sessão de abertura da 12ª Conferência sobre Jerusalém em Istambul — denominada “As vanguardas de Jerusalém empunham sua espada”.
Quatrocentos oficiais, parlamentares e ativistas, de 40 países, participam do evento.
Haniyeh começou ao agradecer o apoio do país anfitrião. “Aqui da tão amada Turquia, sempre marcada na consciência de nossa ummah [comunidade internacional islâmica] … nos orgulhamos de participar dessa conferência”, declarou o político palestino.
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Em seguida, enumerou “três importantes mudanças em âmbito nacional [palestino], regional e global, que penso estarem presentes nesta conferência e vejo como acontecimentos importantes tanto à nossa causa, quanto a toda a ummah”.
A primeira é a operação “Espada de Jerusalém” — isto é, a luta entre grupos da resistência na Faixa de Gaza e forças da ocupação israelense, em meados de maio.
A segunda é representada pela retirada das tropas dos Estados Unidos do Afeganistão, em agosto, o que enfraquece a presença de aliados ocidentais em torno de Israel.
A terceira é a própria conferência em Istambul, pois confronta as tentativas da ocupação de romper a corrente de solidariedade entre as nações árabes e islâmicas.
Segundo Haniyeh, as três mudanças implicam em três prioridades.
Em primeiro lugar, manter a ênfase no status de Jerusalém, como vanguarda da luta nacional. Segundo, apoiar a resistência como alternativa estratégica. Terceiro, frustrar esforços de normalização entre regimes internacionais e a ocupação israelense.
Haniyeh conclamou então por um “plano completo para derrotar a normalização, representada por alianças militares e de segurança estabelecidas com alguns países árabes”.
Israel assegurou relações diplomáticas com seis estados árabes desde sua criação até 2020.
No último ano, sob esforços do então presidente americano Donald Trump, acordos de normalização foram firmados com Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos — além dos tratados já existentes com Egito e Jordânia.
“A normalização escancara a fraqueza desses governos, mas não enfraquece nosso inimigo”, argumentou Haniyeh. “Não devemos permitir que a normalização se espalhe pela ummah”.