Israel ‘incentiva’ o tráfico humano ao não combatê-lo, aponta relatório

Uma garota caminha carregando travesseiros ao longo de uma rua no campo de Rafah para refugiados palestinos no sul da Faixa de Gaza, em 16 de novembro de 2021 [Said Khatib/AFP via Getty Images]

As autoridades israelenses estão falhando em prevenir o tráfico humano como resultado de sua inação e falta de esforços para identificar e proteger as vítimas, disse um relatório publicado pela Linha Direta para Refugiados e Migrantes.

Analisando a questão de 2001 e 2021, o relatório destaca os esforços inadequados de Israel para punir os perpetradores, já que “queixas sobre o confisco de passaportes, privação de liberdade e outras indicações de escravidão contemporânea não eram conhecidas das autoridades e não acionaram nenhum sinal de alerta”.

Os poucos trabalhadores estrangeiros considerados vítimas de tráfico humano foram encontrados e assistidos por organizações de direitos humanos em vez de autoridades estatais, disse o relatório.

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Entre as vítimas estão dois operários da construção civil da Turquia que sofreram traumas físicos e psicológicos. Eles foram resgatados há quatro anos pelo Centro para Refugiados e Migrantes, relatou o Arab48.

“O tempo todo eles pedem para trabalharmos mais rápido. O gerente diz que temos que nos apressar e trabalhar sem parar. É proibido fumar enquanto estamos sentados, só em pé, e só por dois minutos. E quem não trabalhar rapidamente, eles levam de volta para a Turquia”, disseram as vítimas.

O relatório citou dados de Israel que mostram que as autoridades israelenses reconheceram 3.736 sobreviventes do tráfico humano; 3.100 deles foram encontrados no Centro para Refugiados e Migrantes.

Além disso, nas últimas duas décadas, apenas 1.454 trabalhadores migrantes receberam ajuda do escritório jurídico do Ministério da Justiça de Israel depois de serem considerados vítimas de tráfico de pessoas.

O relatório concluiu que “Israel, com sua política e seus fracassos, incentiva o tráfico humano e a escravidão por meio de seu fracasso em combatê-los”.

Isso ocorre depois que o Relatório anual sobre o tráfico de pessoas do Departamento de Estado, publicado no início deste ano, criticou Israel por não fazer um esforço significativo para combater o tráfico de pessoas ou atender aos padrões internacionais de combate ao tráfico.

Segundo o relatório, o governo israelense, liderado pelo então primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, não alocou orçamento para o plano nacional de combate ao tráfico de pessoas, dois anos após sua aprovação.

Também recuou em iniciativas sérias e sustentadas para combater o tráfico, incluindo a redução de investigações e processos judiciais de perpetradores e falta de pessoal em sua única autoridade diretamente encarregada de lidar com o assunto.

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