Estou muito surpreso e grato ao povo da Turquia, Entrevista com a congressista mexicana Julieta Ramirez. Participante da quarta Conferência de “Parlamentares por Al Quds”.
Julieta Ramirez Padilha, hoje eleita deputada no México pelo partido Morena, cresceu em Mexicali, uma cidade fronteiriça na Baja Califórnia. Sendo a mais nova de seus irmãos, e começando cedo a atuar em trabalhos sociais, seus pais a levavam de carro de uma atividade para outra, porque ela não conseguia parar. Congressista aos 26 anos, E continuaram sendo seu “principal apoio em tudo que faço”, recorda ela nesta entrevista ao Monitor do Oriente Médio, concedida em Ancara, Turquia, ao fim da Conferência Internacional de Parlamentares por Al-Quds (Jerusalém). Julieta integrou a delegação latino-americana.
Formada em direito na universidade pública do estado, ela conta que já na escola colaborava com a ONU e participou do Tribunal Interamericano de Direitos Humanos com sede na Costa Rica.
Ela se juntou a um grupo de jovens que organizava atividades políticas, ecológicas e sociais, na época ela não tinha um partido político ou uma ideologia definida. Durante esse tempo lá, ela conheceu muitas pessoas que estavam passando por momentos difíceis, que não tinham recursos para ter uma vida plena. “Acho que foi aí que minha participação em atividades cívicas começou”, disse ela.
Atualmente ela está retornando à universidade para fazer o Mestrado em Administração Pública.
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Como está a situação política no México?
No final do século passado, os governos aplicaram políticas públicas neoliberais que só resultaram na perda de empregos, na privatização do governo, os bancos tiveram muito poder e os programas sociais foram reduzidos. Tudo isso resultou no acúmulo de riqueza em muito poucas mãos, enquanto milhões de mexicanos se tornaram cada vez mais pobres. Ao mesmo tempo, o crime organizado, principalmente o narcotráfico, tomou o poder do país, criando um exército formado principalmente por pessoas pobres. O atual governo liderado pelo presidente Andrés Manuel López Obrador e o Partido Morena, do qual sou militante, têm promovido um governo de esquerda a serviço do povo, contra a corrupção e cuja principal política, para o bem de todos, é colocar os pobres primeiro.
Como isso se reflete no futuro político da América Latina?
O papel atual do México na região, junto com a América Latina e a América do Norte, é definir a agenda do nosso continente. Isso foi dito por líderes internacionais. Nosso presidente não fez distinção e está promovendo um plano de trabalho para ajudar as pessoas que enfrentaram mais problemas durante a pandemia e ajudar os mais necessitados, de modo que o futuro do continente está tomando uma direção muito fraterna e solidária.
Qual é a conexão entre o povo palestino e o povo mexicano.
O México é um país que historicamente sempre estendeu laços de amizade indistintos que tem visto pela dignidade de cada ser humano e pela livre autodeterminação. O povo palestino tem muitos comitês no México que cuidam de sua resistência, de suas causas e de seus problemas, e que encontraram milhares de mexicanos solidários com eles.
Como você vê a causa da Palestina e o futuro do Oriente Médio?
Minha posição é colocar a paz como uma prioridade para crianças, para mulheres e para todos os seres humanos que vivem no Oriente Médio. A guerra não resolve nada, só deixa feridas, deslocamentos e morte. O diálogo e a participação da comunidade internacional é a única solução para esta crise, o respeito a cada um dos moradores da região na escolha do seu modo de vida.
Você participou pela primeira vez da conferência dos “parlamentares por Al-Quds”, qual a sua impressão do encontro?
É uma honra que a “Grande Assembleia da Turquia” e o “Fórum Latino-Palestino” (LPF) tenham me convidado a participar, que meu país tenha me delegado para este encontro. Não há dúvida de que esses passos só trazem bons resultados, fraternidade entre as pessoas, que são as melhores ações para evitar conflitos. Não podemos ficar alheios à dor do ser humano e se pudermos reverter essa situação devemos agir desde que esteja de acordo com a lei e por causas legítimas, como a da Palestina.
Como foi encontrar parlamentares de todo o mundo em torno da causa palestina?
É uma experiência única. A troca de conhecimentos legislativos, as formas que cada país tem nas suas práticas legislativas, e as causas, são as mesmas em todo o lado, todos queremos o bem-estar do nosso povo, para lhes dar paz e um bom desenvolvimento económico para melhorar as condições de vida dos cada indivíduo que representamos e suas famílias. Volto para o meu país com muito conhecimento e com certeza muito do que aprendi aqui vou colocar em prática.
Estou muito surpresa e grata ao povo da Turquia, aos representantes legislativos pela oportunidade de contribuírem para esta reunião. Estamos realizando ações em defesa dos direitos humanos. A título de recomendação, no futuro poderíamos estender o apelo à integração de mais países ou talvez que visitem as nossas cidades.
O que você diria aos palestinos como mexicana?
No México você tem um país irmão que sempre ouvirá e buscará a paz, a justiça social e a dignidade das pessoas. Este mundo é a nossa casa e não podemos permitir a existência de conflitos armados nele, a história nos mostra que nada de bom sai dele, por isso devemos optar pelo diálogo e pela busca dos direitos humanos, só assim teremos um futuro melhor .