A maior cidade do Brasil, São Paulo, celebrou o 26º Festival da Imigração do país no fim de semana no Museu da Imigração. O festival em um dos principais museus do país nasceu do desejo das comunidades de preservar o patrimônio dos imigrantes e compartilhar suas diversas culturas. Proporcionou um momento de partilha, convivência e aprendizagem que traz na sua essência a diversidade e a integração de diferentes culturas.
Mais de 50 comunidades se reuniram por três dias, de 17 a 19 de dezembro, incluindo palestinos, sírios, libaneses e egípcios. O festival coincidiu com o Dia Internacional dos Migrantes, que foi aprovado pela Assembleia Geral da ONU a ser realizado em 18 de dezembro de cada ano.
A comunidade palestina de 70.000 membros teve uma presença de destaque no festival. Foi uma grande oportunidade para apresentar comida, música, trajes tradicionais, dança e artesanato para um público mais amplo. Os palestinos vivem no Brasil desde o final do século XIX e puderam expor não apenas seu estilo de música e dança, mas também artefatos da longa história da comunidade no país.
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O bordado palestino, visto com mais frequência nos vestidos do festival, foi adicionado à lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. A decisão da ONU foi oportuna, dados os esforços de Israel para se apropriar e erradicar a cultura e a identidade palestinas. Por isso, foi importante para os palestinos no Brasil participarem desse festival em particular; queriam mostrar que a sua cultura está muito viva e que mantêm os laços com a sua pátria, que esperam voltar a ser um dia livre.
“A participação da comunidade palestina este ano é importante e proeminente, e não é novidade, já que eles participam conosco há anos”, explica Alessandra Almeida, diretora executiva do Museu da Imigração. “A Palestina aparece em terceiro lugar como a comunidade de refugiados mais importante do Brasil, segundo os critérios do Ministério da Justiça.”
Ela acrescentou que o festival é parte essencial do calendário local da cidade de São Paulo, comemorando a importância da imigração para o estado em particular, e para o Brasil em geral. “Isso ilustra a importância dos imigrantes que contribuíram para a construção do mosaico da identidade paulista.”
De acordo com Bruna Kadletz, fundadora dos Círculos de Hospitalidade, ONG brasileira que desenvolve iniciativas sociais, culturais e educacionais para refugiados, “a poderosa aproximação de migrantes e sociedades de acolhimento é uma forma de enfrentar a xenofobia”. Festivais como este em São Paulo são fundamentais para promover a convivência pacífica. “Também entendemos que os migrantes têm um papel importante em contribuir para o desenvolvimento econômico e cultural das sociedades. A diáspora palestina no Brasil, por exemplo, tem contribuído muito para o nosso desenvolvimento.”
Não é por acaso que o festival é organizado pelo povo para o povo. “Todos os anos através deste festival”, disse-me Almeida, “procuramos fazer com que os imigrantes se sintam pertencentes a esta sociedade e que sejam capazes de se integrar e proporcionar mais. Para nós, queremos mostrar ao público de todo o nosso país a grande diversidade dos países de origem desses imigrantes”.
Como a ocupação de sua terra natal é uma realidade permanente, os palestinos no Brasil sabem que têm o dever de preservar e compartilhar sua cultura. O Festival do Imigrante e as iniciativas semelhantes no Brasil permitem que eles façam exatamente isso.
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