O Parlamento da Líbia confirmou que as eleições presidenciais previstas para esta sexta-feira (24) não serão realizadas, deixando em dúvida o processo de paz reconhecido internacionalmente, assim como o destino do governo interino estabelecido no país.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Nesta quarta-feira (23), a comissão eleitoral propôs adiar a votação em um mês.
As notícias confirmam as expectativas em meio a disputas políticas, incluindo a elegibilidade de candidatos controversos, como Saif al-Islam, filho do ex-ditador Muamar Kadafi, e líderes paramilitares que participaram dos ataques contra Trípoli.
O processo de paz vivencia uma ameaça, após reunir esperanças de encerrar mais de uma década de violência no país norte-africano, desde a deposição de Kadafi em 2011, por um levante popular com apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Grande parte da população já tirou seu título de eleitor, o que reflete a vontade popular para a continuida
de do pleito. Entretanto, grupos armados conduziram protestos na capital e em outras regiões, sob ameaça de escalada e novos combates.
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Disputas sobre o caminho adiante podem desfazer o acordo político mediado pela ONU, sob o qual ambos os lados em confronto consentiram com um cessar-fogo.
A Líbia permaneceu dividida em dois centros administrativos distintos entre 2014, quando ocorreram as últimas eleições nacionais, e 2020, quando foi instaurado o atual governo interino. Algumas figuras da porção oriental do país já advertiram para o retorno deste cenário.
Facções, candidatos e potências estrangeiras conversam nos bastidores sobre a possibilidade de realizar as eleições em breve ou postergá-las novamente, a fim de alcançar um acordo sobre as bases legais do processo.
Stephanie Williams, conselheira especial das Nações Unidas para a Líbia, confirmou nas redes sociais uma série de encontros com membros do fórum político responsável pelo processo eleitoral e reafirmou a necessidade de “eleições livres, justas e convincentes”
Enquanto isso, o governo instaurado em março permanece em risco, após o parlamento oriental revogar seu voto de confiança no órgão executivo, em setembro.
A declaração do comitê eleitoral destacou ainda que o mandato do atual governo expira nesta sexta-feira. Contudo, as principais facções e instituições políticas devem apoiar sua manutenção, conforme diretrizes da comunidade internacional.
As eleições legislativas e presidenciais foram convocadas por meio de um roteiro mediado pela ONU, previstas para ocorrer em 24 de dezembro — Dia Nacional da Líbia.
Todavia, nenhum acordo sobre a base constitucional para o voto ou sobre as regras de candidatura foi devidamente consentido pelas instituições fragmentadas do país.
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