O presidente tunisino, Kais Saied, confirmou, na quinta-feira, que não abriu processo contra o ex-presidente Moncef Marzouki. “Não significa nada para mim”, afirmou Saied, enquanto Marzouki instou-o a demitir-se e acusou-o de estar em “delírio”.
“Não segui a sentença proferida contra o ex-presidente da República Moncef Marzouki. Não abri uma ação contra ele e não vou prosseguir, já que não significa nada para mim”, acrescentou Saied.
Saied também referiu que “aqueles que reivindicam perícia na defesa de criminosos e assassinos e tentam regressar ao princípio da separação de poderes sem perceber que o poder é para o povo. Existem funções independentes, mas não estão fora da autoridade do Estado”.
“Muitos fatos foram revelados nos últimos meses. Todos leram sobre declarações relacionadas a assassinatos anteriores. Os Ministérios do Interior e da Justiça têm que prosseguir com esses casos de acordo com a lei”, explicou Saied.
Marzouki acusa Saied de ‘delírio’
Marzouki comentou sobre a negação do presidente, Saied, de abrir um processo: “Não pense que o homem está mentindo ou contradizendo, como muitos políticos fazem. Foi o delírio patológico que o levou a correr para inspecionar um buraco depois que foi informado de que terroristas o cavaram. Ele também alegou que foi envenenado duas vezes”, postou o ex-presidente tunisiano no Facebook.
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Marzouki pediu a Saied que renunciasse ao cargo, insistindo que: “A demissão desse idiota é uma necessidade primordial para a segurança da nação”.
Um tribunal tunisino emitiu uma sentença inicial em 22 de dezembro pela prisão de Marzouki à revelia sob a acusação de “agressão à segurança externa do Estado”. O ex-presidente nega as acusações.
Naquela época, Marzouki postou no Facebook que a sentença é: “Emitida por um juiz lamentável por ordem de um presidente ilegítimo (Saied)”.
No início de novembro, o judiciário tunisino emitiu um mandado de prisão internacional contra Marzouki, após uma declaração em que ele afirmava tentar frustrar a Cúpula da Francofonia em seu país, marcada para o final de 2021.
A Tunísia vive uma crise política desde 25 de julho após medidas excepcionais tomadas pelo presidente Saied, incluindo o congelamento dos poderes do Parlamento, o levantamento da imunidade dos deputados, a promulgação de legislação por decretos presidenciais, a demissão do primeiro-ministro e a nomeação de um novo governo.
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