Nesta semana, o Primeiro-Ministro do Egito Mostafa Madbouly destacou a necessidade de racionalizar o consumo de água entre a população, à medida que seu governo adota novas medidas para combater a escassez de recursos.
O Ministério de Recursos Hídricos e Irrigação confirmou recentemente que o Egito sofre de um déficit de 54 bilhões de metros cúbicos de água, ao reiterar que 97% da demanda nacional, equivalente a 114 bilhões de metros cúbicos, provém do Rio Nilo.
Os recursos disponíveis, no entanto, não excedem 60 bilhões de metros cúbicos.
Durante seminário na Universidade do Cairo, o ministro responsável, Mohamed Abdel Aty, argumentou a favor do racionamento, além de maximizar a reciclagem de recursos, melhorar a gestão do sistema hídrico e construir novas estações de tratamento.
Em outubro, Abdel Aty queixou-se que a queda nos níveis do Rio Nilo seriam resultado de medidas unilaterais da Etiópia para preencher e operacionalizar a Grande Represa do Renascimento, projeto multibilionário construído a montante.
O ministro prometeu instituir um plano nacional de 20 anos, entre 2017 e 2037, ao custo de US$50 a US$100 bilhões, para instalar usinas de tratamento de água com dupla ou tripla capacidade, melhorar a eficácia dos sistemas de irrigação e reduzir o déficit per capita.
Segundo Abdel Aty, o Egito sofre de um déficit hídrico estimado em 90% de seus recursos renováveis e reutiliza cerca de 35% destes recursos para preencher a lacuna.
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Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, o presidente Abdel Fattah el-Sisi descreveu o Egito como “um dos países mais secos do mundo” e reafirmou a relevância da bacia hidrográfica do Nilo como única fonte de subsistência para a população.
A Etiópia, por sua vez, anunciou ter concluído a segunda fase de preenchimento dos reservatórios da barragem, em 19 de julho do último ano. Insistiu ainda que pretende começar a gerar energia elétrica de suas turbinas, com início previsto para os próximos meses.
O Cairo exige o envio de 40 bilhões de metros cúbicos de água oriundos do Rio Nilo. O Ministro de Irrigação da Etiópia Seleshi Bekele chegou a alegar que a demanda fora abandonada; contudo, foi desmentido reiteradamente por comunicados oficiais.