Nesta semana, a Rede para Direitos Humanos do Egito denunciou as autoridades federais por reterem o corpo de um prisioneiro por seis anos, sem sequer notificar a família de sua morte.
Mohamed Jumaa Youssef Afifi, de 52 anos, faleceu dentro do quartel-general do Serviço de Segurança Nacional, no Cairo, em dezembro de 2015, menos de um mês após ser detido. A tortura executada contra ele foi tamanha que resultou em um ataque cardíaco.
Todavia, as autoridades carcerárias insistiram em alegar que Mohamed estava vivo e jamais concederam informações à família, a despeito dos diversos processos para localizá-lo.
Apesar das negativas, o regime egípcio do presidente e general Abdel Fatah el-Sisi possui um longo histórico registrado de tortura, sequestro e desaparecimento, perpetrados contra eventuais críticos ou opositores políticos. Mesmo crianças sofrem em custódia.
Não há números exatos sobre o número de desaparecidos políticos no Egito, devido à natureza clandestina do crime conduzido sistematicamente pelas autoridades.
Em 2020, a Comissão por Direitos e Liberdades do Egito estimou que ao menos 2.723 pessoas desapareceram nas mãos das forças de segurança, no período de cinco anos.
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A prática, que deixa as famílias dos prisioneiros agoniadas sob a incerteza atroz do destino de seus entes queridos, tornou-se cada vez mais comum sob o governo militar.
Em dezembro, a Rede para Direitos Humanos do Egito denunciou o sequestro de Ahmed Amasha, membro do movimento Kefaya (Basta) e cofundador da Liga pelas Famílias dos Desaparecidos, que concede suporte jurídico a parentes de prisioneiros do regime.
Preso previamente em 2019, Amasha pediu para não ser libertado por medo do que lhe aconteceria caso fosse capturado outra vez e então desaparecido.
Prisioneiros são frequentemente privados de qualquer comunicação externa e temem ser torturados e mortos, pois permanecem alheios a qualquer proteção da lei.
Enquanto isso, as famílias sofrem com a falta de conhecimento sobre o destino de seus entes queridos — tática comum a ditaduras para propagar terror dentre a sociedade.