O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, repreendeu o movimento Hezbollah depois que seu secretário-geral, Sayyed Hassan Nasrallah, acusou a Arábia Saudita de exportar a ideologia do Daesh e mirar no rei Salman, que ele descreveu como um “terrorista”.
Entrando no Twitter, Mikati disse: “Pelo amor de Deus, tenha misericórdia do Líbano e do povo libanês e pare de [alimentar] o ódio político e sectário”.
1/4 صدر عن الرئيس ميقاتي:
لطالما دعونا الى اعتماد النأي بالنفس عن الخلافات العربية وعدم الاساءة الى علاقات لبنان مع الدول العربية ولا سيما السعودية. ومن هذا المنطلق كانت دعوتنا الى ان يكون موضوع السياسة الخارجية على طاولة الحوار لتجنيب لبنان تداعيات ما لا طائل له عليه …— رئاسة مجلس الوزراء 🇱🇧 (@grandserail) January 3, 2022
“Pedimos a adoção da política de dissociação das disputas árabes e abstenção de prejudicar os laços do Líbano com os países árabes, incluindo a Arábia Saudita”, disse Mikati, e expressou oposição ao que ele descreveu como “tendência de posições” do Hezbollah que ferem o povo libanês e os laços do país com seus “irmãos”.
“O que […] Nasrallah disse sobre o Reino da Arábia Saudita esta noite não representa a posição do governo libanês ou da população libanesa em geral. E não é do interesse do Líbano prejudicar qualquer país árabe, especialmente os países do Golfo”, acrescentou ele.
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Nasrallah fez os comentários depreciativos na segunda-feira sobre o Reino e seu monarca enquanto falava no segundo aniversário do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, que foi morto em um ataque drone dos EUA em Bagdá, ao lado do vice-chefe das Forças de Mobilização Popular do Iraque (PMF).
“O terrorista é aquele que enviou milhares de sauditas para conduzir operações suicidas no Iraque e na Síria, e é você”, disse Nasrallah no discurso transmitido pela televisão. Ele também denunciou os EUA por seu apoio à coalizão liderada pelos sauditas contra o Iêmen.
“O terrorista é aquele que toma centenas de milhares ou dezenas de milhares de libaneses como reféns e ameaça o estado libanês de despejá-los”, disse o líder do Hezbollah, em uma aparente resposta a comentários anteriores do rei Salman na semana passada, que apelou ao Líbano para acabar com a influência do “terrorista Hezbollah” sobre o Estado. O atual governo formado por Mikati em setembro inclui ministros pertencentes tanto ao Hezbollah quanto ao movimento Amal.
Os comentários também vêm em meio à crise diplomática que eclodiu em outubro entre o Líbano e quatro estados do Golfo, liderados por Riad, depois que o ex-ministro da Informação Youssef Kordahi condenou a campanha “absurda” liderada pelos sauditas no Iêmen. No mês passado, Kordahi renunciou ao cargo, dizendo que estava colocando a Nação acima de seus interesses pessoais. As tensões permanecem, no entanto, apesar das tentativas do governo libanês de consertar as relações com os estados do Golfo, que incluíram a deportação de dissidentes do Bahrein. No mês passado, Mikati disse que “rejeitou usar o Líbano como plataforma para insultar o Reino do Bahrein”, além de outros países árabes.
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