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Emirados intensificam maus tratos contra ativista de direitos humanos Ahmed Mansoor

Ahmed Mansoor, blogueiro e ativista de direitos humanos, participa de coletiva de imprensa em Dubai como diretor da divisão para Oriente Médio e Norte da África da organização Human Rights Watch (HRW), em 26 de janeiro de 2011 [KARIM SAHIB/AFP via Getty Images]

Os Emirados Árabes Unidos intensificaram os maus tratos contra o ativista de direitos humanos Ahmed Mansoor, após uma carta de sua autoria ser publicada pela imprensa regional, em julho do último ano, revelando detalhes de seu julgamento injusto e os abusos aos quais foi submetido desde sua captura e prisão em 2018.

A denúncia foi compartilhada nesta sexta-feira (7) pelas organizações Human Rights Watch (HRW) e Centro do Golfo para Direitos Humanos (CGDH).

As autoridades reagiram furiosamente à mensagem e transferiram Mansoor, de 53 anos, a uma cela menor e mais isolada. Desde então, sofre negligência médica e teve seus óculos de leitura confiscados, segundo relatos obtidos pelas entidades de direitos humanos.

Mansoor é mantido na infame prisão de al-Sadr, onde serve sentença de dez anos em regime fechado, promulgada em 29 de maio de 2018 pela Câmara de Segurança Pública da Corte de Recursos de Abu Dhabi, após um julgamento notoriamente injusto sob acusações espúrias.

Devido a seus apelos não-violentos por reformas políticas no país, Mansoor foi acusado de “insultar o prestígio dos Emirados e de seus símbolos”.

Em sua carta, o ex-diretor regional para Oriente Médio e Norte da África da Human Rights Watch revelou detalhes do caso e das graves violações cometidas pelos Emirados.

O ativista observou que suas acusações incluem uma campanha no Twitter contra detenções arbitrárias na Arábia Saudita, convocada pela Fundação Al-Karama. Segundo Mansoor, seu envolvimento resumiu-se a uma fotografia com um jornal e uma legenda de solidariedade.

Nos três anos desde seu encarceramento, uma campanha ganhou destaque para exigir sua soltura, por meio de uma eventual intervenção política da comunidade internacional.

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“Aliados ajudam a promover uma imagem emiradense de país tolerante e culturalmente aberto, ao ignorar abusos desenfreados, incluindo maus tratos hediondos contra um de seus mais respeitados cidadãos”, comentou Michael Page, vice-diretor para Oriente Médio do HRW.

“O Conselho de Direitos Humanos da ONU não pode continuar em silêncio enquanto um de seus membros, os Emirados Árabes Unidos, conduz violações flagrantes e obstrui o monitoramento internacional e independente de suas prisões”, acrescentou.

Os maus tratos contra Mansoor são parte de uma vasta repressão contra ativistas de direitos humanos na região do Golfo. Desde 2011, quando os Emirados deram início a uma campanha para conter a liberdade de expressão e associação no país, o HRW e CGDH denunciam relatos de abusos pelas forças de segurança, perpetuados contra eventuais dissidentes.

Dentre as violações mais graves, estão detenção arbitrária, deslocamento forçado e tortura.

Autoridades emiradenses indiciaram e prenderam diversos advogados, juristas, professores e ativistas, além de fechar instituições influentes da sociedade civil e escritórios de entidades internacionais, que promoviam direitos políticos e a democracia.

Em sua última denúncia, o HRW e o CGDH reivindicaram dos líderes globais que não contribuam com esforços para encobrir violações, incluindo o encarceramento de Mansoor.

“Enquanto exibem seus pavilhões na Feira Mundial de Dubai, os estados estrangeiros devem pressionar os Emirados a libertar incondicionalmente todos aqueles presos de forma injusta, por apenas exercer sua liberdade de expressão”, reafirmou o comunicado.

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