O Irã diz que a Coreia do Sul é “obrigada” a liberar seus ativos congelados e que as sanções dos EUA não podem justificar o não pagamento da dívida, relatou a Agência Anadolu.
O vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Bagheri, fez essas declarações na quinta-feira durante uma reunião com seu homólogo sul-coreano, Choi Jong-kun, à margem das negociações em curso sobre o acordo nuclear em Viena, de acordo com a mídia estatal citando o Ministério das Relações Exteriores em Teerã.
Bagheri, que chefia a delegação de 40 membros do Irã nas negociações de Viena, disse ao diplomata sul-coreano que eles são obrigados a liberar o dinheiro bloqueado, “independentemente do resultado” das negociações de um acordo nuclear em andamento.
As relações entre os dois países se desgastaram nos últimos anos, com Teerã acusando Seul de congelar mais de US$ 7 bilhões em reservas cambiais sob pressão dos EUA.
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O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul disse em um comunicado na quarta-feira que uma delegação chefiada pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Jong-kun, estava viajando para Viena para “explorar maneiras de resolver a questão dos bens iranianos congelados na Coreia”.
Mais tarde, em um tweet, Jong-kun declarou que seu governo “prestará assistência diplomática como guardião do fundo congelado, um defensor do TNP e da nação que busca a desnuclearização completa da península coreana” durante as negociações em Viena.
Bagheri, em seu encontro com Jong-kun na embaixada iraniana em Viena, disse que a “recusa ilegal e injustificável” de Seul em pagar sua dívida com o Irã será um “ponto negativo na história das relações” entre os dois lados.
De acordo com fontes em Viena, Bagheri usou uma “linguagem dura” durante as negociações com seu homólogo sul-coreano e pediu a devolução dos ativos do Irã “sem mais demora”.
Autoridades iranianas dizem que a reunião “não está diretamente relacionada” às negociações em andamento entre o Irã e o P4+1 (Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) com o objetivo de reviver o acordo nuclear de 2015 e diminuir as tensões entre Teerã e Washington.
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O encontro de quinta-feira entre os lados ocorreu dois meses depois que o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, levantou a questão com seu homólogo sul-coreano, Choun Yunyong, criticando Seul por não descongelar os ativos do país.
O principal diplomata da Coreia do Sul, por sua vez, expressou preocupação com a proibição do Irã às importações de eletrodomésticos coreanos e pediu uma solução amigável para a questão.
Enquanto isso, Jong-kun também se encontrou com o enviado especial dos EUA para o Irã, Robert Malley, bem como com representantes da União Europeia que atualmente participam das negociações de Viena.