Os Estados Unidos recusaram a entrada da modelo britânica Leen Clive, que disputaria o título de Miss Mundo, a partir desta segunda-feira (10), ao discriminá-la por “suas origens sírias”.
A modelo de 29 anos e residente médica do Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido, acredita que os oficiais americanos vetaram seu visto por ter nascido em Damasco, capital da Síria, à medida que seu marido e sua filha puderam entrar no país.
“Solicitei um passaporte britânico, sou cidadã britânica e represento o Reino Unido”, afirmou Clive à emissora BBC. “Não tenho a menor ideia porque não posso entrar nos Estados Unidos”.
“Meu marido e minha filha tiveram seus vistos deferidos, mas o meu foi recusado”, acrescentou. “A única diferença é meu local de nascimento”.
Clive recebeu cidadania britânica no último ano, após deixar o país assolado pela guerra junto de sua mãe, em 2013. Apesar de não falar inglês, Clive estudou o idioma e integrou-se à sociedade ao ponto de graduar-se em ciências biomédicas, no ano de 2019.
O 35° concurso anual de Miss Mundo é realizado em Las Vegas e deverá coroar uma vencedora em 15 de janeiro. Outras 57 mulheres — todas casadas — disputam o título.
A ausência de Clive representará a primeira vez que o Reino Unido não comparece ao evento, desde sua criação em 1984.
A Síria continua na lista de estados patrocinadores de terrorismo, promulgada por Washington. Cidadãos dos países designados dessa maneira devem ser interrogados por oficiais consulares antes de solicitarem entrada nos Estados Unidos.
Clive apelou ao “bom senso” da embaixada americana para concorrer a tempo. “Ainda tenho esperanças, sei que estou correndo contra o tempo; mas se alguém da embaixada puder analisar meu requerimento, então as coisas serão diferentes”, argumentou a modelo.
Parlamentares britânicos também tentam intervir para assegurar a participação de Clive, segundo informações.
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