Na última semana, oficiais do exército dos Estados Unidos visitaram a cidade palestina de Hebron (Al-Khalil), na Cisjordânia ocupada. Seu guia, no entanto, foi Noam Arnon, notório ativista de extrema-direita e porta-voz dos assentamentos ilegais.
O major-general Yehuda Fuchs, chefe do Comando Central das Forças de Defesa de Israel, solicitou pessoalmente a escolha de Arnon como guia da delegação americana.
A visita ocorreu apesar de os colonos de Hebron e seus arredores serem reconhecidos como alguns dos mais fanáticos e violentos nos territórios palestinos ocupados.
Fuchs contactou o militante colonial para requerer que guiasse as tropas americanas durante o dia, cujo itinerário compreendeu uma visita à Mesquita Abraâmica — também conhecida como Túmulo dos Patriarcas —, além de instalações dos assentamentos ao redor de Hebron.
Os palestinos representam a enorme maioria da população local, mas a ocupação israelense decidiu excluí-los da visita americana, a despeito de denúncias contundentes de apartheid e segregação racial perpetuado contra a comunidade nativa.
Cerca de 850 colonos ilegais pesadamente armados vivem em Hebron, sob escolta efetiva dos soldados da ocupação. Em contrapartida, são mais de 200 mil palestinos.
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Em fevereiro de 1994, o colono americano Baruch Goldstein abriu fogo contra fiéis na Mesquita Abraâmica, resultando em 29 palestinos mortos e muitos outros feridos. Goldstein continuou seus disparos até ser rendido pelos sobreviventes e então morto a pancadas.
O ataque terrorista, todavia, concedeu a Goldstein status de mártir dentre os colonos ilegais. Seu túmulo no assentamento de Kiryat Arba, nos arredores de Hebron, tornou-se local de peregrinação para judeus extremistas. Um santuário foi construído em sua memória.
A coordenação entre Tel Aviv e colonos extremistas reflete uma potencial escalada alimentada por uma visita do presidente israelense Isaac Herzog à Mesquita Abraâmica, em novembro.
O Primeiro-Ministro da Autoridade Palestina (AP) Mohammad Shtayyeh condenou a excursão de Herzog ao acusá-lo de tentar “distorcer a verdade sobre a cidade árabe e islâmica, a fim de judaizá-la e assumir controle enquanto submete a população nativa a decisões racistas”.
A Liga Árabe, a Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) e diversos países árabes e islâmicos, como Jordânia e Arábia Saudita, denunciaram a visita como provocação.