Os poderosos grupos libaneses Amal e Hezbollah confirmaram neste sábado (15) o fim de seu boicote às reuniões de governo, permitindo assim um novo diálogo entre ministros após três meses de paralisação, nos quais a crise econômica e o colapso cambial se aprofundaram.
As informações são da agência Reuters.
Ambos recusaram-se a participar das sessões de gabinete devido a disputas políticas sobre a investigação em torno da enorme explosão que devastou Beirute, em agosto de 2020.
A paralisação postergou conversas sobre um plano de recuperação em parceria com o Fundo Monetário Internacional (FMI), considerado fundamental para angariar apoio estrangeiro e superar a crise que empobreceu a população.
O Hezbollah, movimento ligado a Teerã que possuiu um braço paramilitar muito bem equipado, e o Amal, outro proeminente grupo xiita, reivindicam a exoneração do juiz responsável pelo inquérito.
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Ambos acusam Tarek Bitar de enviesamento, após o juiz solicitar o depoimento de duas figuras de destaque filiadas ao Amal. Bitar recusa-se a comentar o caso publicamente, mas é citado por familiares da vítima ao prometer a continuidade do caso, a despeito de uma série de processos registrados por suspeitos para postergar uma decisão.
O premiê Najib Mikati — cujo posto é mantido por um muçulmano sunita sob o sistema sectário do país — agradeceu em nota a decisão de encerrar o boicote e conclamou uma reunião de gabinete logo após receber uma proposta orçamentária para o ano fiscal de 2022.
Uma fonte do governo, porém, confirmou à Reuters que os ministros não devem se encontrar nesta semana, dado que o plano fiscal do Ministério das Finanças ainda está em fase de preparativos.
Mikati insistiu que seu governo busca assinar um acordo preliminar sobre o programa assistencial do FMI até fevereiro. Um porta-voz da entidade internacional confirmou que serão realizadas negociações por videoconferência na última semana de janeiro.
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