Em comunicado oficial, o Ministério do Interior da Tunísia alegou ter utilizado canhões de água para dispersar manifestantes que tentavam chegar à avenida Habib Bourguiba, no centro de Túnis, capital do país, por violar a decisão do governo de proibir aglomerações.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Cerca de 1.200 pessoas tomaram as ruas ao redor da avenida Habib Bourguiba na capital, sob pretexto de comemorar a data de 14 de janeiro”, declarou o ministério.
“Os manifestantes violaram deliberadamente a decisão ministerial de impedir aglomerações em todos os espaços, abertos ou fechados, para impedir a propagação do coronavírus; dessa maneira, utilizamos água para dispersá-los”, acrescentou.
O comunicado também acusou os manifestantes de “tentar transpassar barreiras de segurança e atacar tropas estacionadas no local para manter a ordem”.
Em seguida, argumentou:
As unidades de segurança exerceram máxima moderação … exortamos todos os cidadãos a respeitar as decisões tomadas para este efeito e que evitem seduzir-se por chamados ilegais para aglomerações.
Os protestos foram convocados pela iniciativa Cidadãos Contra o Golpe, junto dos movimentos Ennahda, Corrente Democrática, Partido Republicano, Partido dos Trabalhadores e Fórum Democrático por Trabalho e Liberdade. As entidades buscam contestar a tomada de poder do presidente Kais Saied, além de celebrar a Revolução Tunisiana de janeiro de 2011.
Segundo o correspondente da agência Anadolu, a segurança policial da avenida Habib Bourguiba foi reforçada desde a manhã de sexta-feira (14).
Na quarta-feira (12), o governo tunisiano anunciou um toque de recolher e cancelamento ou protelação de todos os eventos em espaços públicos ou privados a partir do dia seguinte. As restrições têm prazo de duas semanas, sob pretexto de conter o covid-19.
O presidente ordenou também mudar a data oficial das comemorações nacionais de 14 de janeiro para 17 de dezembro. A população tunisiana, no entanto, insistiu em celebrar a deposição do ex-ditador Zine el-Abidine Ben Ali, que comandou o país entre 1987 e 2011.
Desde 25 de julho de 2020, o país norte-africano vivencia uma crise política contínua, após o presidente outorgar “medidas excepcionais”, segundo as quais suspendeu o parlamento, exonerou o primeiro-ministro Hichem Mechichi e passou a governar por decreto.
A maioria das forças políticas e civis na Tunísia, incluindo o partido majoritário Ennahda, denunciam as medidas como golpe de estado.