O ministro israelense da Segurança Pública, Omer Barlev, defendeu a polícia do Estado após alegações de uso da tecnologia da Pegasus do NSO Group contra cidadãos e manifestantes em Israel.
A agência de notícias de negócios israelense Calcalist informou, na manhã de terça-feira, que a polícia israelense, há anos, faz uso generalizado do spyware contra civis israelenses.
No entanto, em entrevista ao Guardian, Omar Barlev disse: “Não é verdade o que foi mencionado no jornal. Mas a tecnologia não é o problema. A questão é se a polícia obteve permissão legal de um juiz para usá-la”.
“O direito de protestar é um direito básico, não é crime. Não é que a polícia quisesse ouvir os telefones das pessoas que se envolveram em tumultos e foram ao juiz, e o juiz não deu permissão, a polícia nem sequer pediu para fazer isso.”
O Calcalist também afirmou que a polícia espionou pessoas não suspeitas de crimes, explorou uma brecha legal e manteve a vigilância sob sigilo absoluto, sem supervisão de um tribunal ou juiz.
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Barlev afirmou, no entanto, que os próximos passos do Ministério em relação ao assunto seriam determinados pela avaliação preliminar do procurador-geral israelense, Avichai Mandelblit.
“Estou esperando para ouvir o que Mandelblit vai dizer. Depois disso, se eu não estiver 98 por cento convencido, porque não existe 100 por cento convencido, vou pensar em como lidar com isso”, disse ele.
Além disso, as alegações de negação de Barlev continuam, apesar de o chefe de polícia de Israel, Kobi Shabtai, admitir o uso do notório spyware contra cidadãos israelenses, mas prometeu que tudo foi feito com os mandados e a supervisão apropriados.
O NSO Group tornou-se infame nos últimos anos devido a seus escândalos de hackers, particularmente em julho do ano passado, quando o órgão de vigilância da Internet da Universidade de Toronto, o Citizen Lab, expôs o uso indevido do spyware Pegasus pelos governos de seus clientes por meio do hacking de cerca de 50.000 telefones e dispositivos pertencentes a jornalistas, ativistas de direitos humanos e críticos políticos em todo o mundo.
O Controlador do Estado de Israel, Matanyahu Englman, e a Autoridade de Privacidade disseram, na terça-feira, que o uso de tais dispositivos de espionagem “levanta questões de equilíbrio entre sua utilidade e a violação do direito à privacidade e às outras liberdades”.