Ex-chefe da Ordem dos Advogados Nacional está sob investigação militar na Tunísia

Dois advogados tunisianos confirmaram na sexta-feira que as autoridades encaminharam o ex-chefe da Ordem Nacional dos Advogados, Abderrazak Kilani, para investigação militar.

O advogado Hosni Al-Baji postou no Facebook: “Meu amigo e colega Abderrazak Kilani foi encaminhado ao juiz investigativo militar”.

“Ele foi encaminhado por sua opinião, que expressou, de que não é necessário compelir os funcionários do poder Executivo, especialmente os agentes de segurança, com instruções que violam a Constituição e a lei”, acrescentou Al-Baji.

Outro advogado, que pediu para não ser identificado, disse que Kilani “recebeu um convite ontem por meio de uma notificação endereçada ao escritório do chefe do ramo da Ordem Nacional dos Advogados em Túnis”.

“A notificação não especificou a data da audiência ou as acusações feitas contra Kilani, desde que o juiz de instrução militar envie uma segunda notificação à Ordem dos Advogados para definir a data da audiência e as acusações”, elaborou o advogado.

Vale ressaltar que Kilani é membro do comitê de defesa do parlamentar Noureddine Bhiri, 63, que está em prisão domiciliar.

LEIA: Tribunais da Tunísia emitem 11 sentenças de morte em 15 dias

Em 3 de janeiro, o ministro do Interior Taoufik Charfeddine anunciou que Bhiri e o ex-funcionário do Ministério do Interior Fathi Al-Baldi foram colocados em prisão domiciliar por acusações relacionadas à “suspeita de terrorismo”. As acusações diziam respeito à emissão ilegal de documentos de viagem e cidadania tunisiana a um cidadão sírio e sua esposa.

Charfeddine afirmou que o Ministério do Interior processará qualquer pessoa envolvida na invasão do centro de segurança Menzel Jemil, em Bizerte, onde Bhiri foi detido antes de ser transferido para o hospital.

Em 2 de janeiro, Bhiri foi transferido para a unidade de terapia intensiva de um hospital em Bizerte, depois que sua saúde se deteriorou gravemente devido à greve de fome em protesto contra sua detenção desde 31 de dezembro.

Não houve comentários imediatos das autoridades tunisianas sobre o caso de Kilani.

A Tunísia vive uma crise política desde 25 de julho, quando “medidas excepcionais” foram impostas, incluindo a suspensão do parlamento, a promulgação de leis por decretos presidenciais, a demissão do primeiro-ministro e a nomeação de um novo governo.

A maioria das forças políticas na Tunísia rejeita as decisões excepcionais do presidente Kais Saied e as considera um “golpe contra a Constituição”, enquanto outras forças as apoiam como uma “correção do curso da revolução de 2011”, que derrubou o ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali.

LEIA: Decreto presidencial restringe ‘privilégios’ do judiciário da Tunísia

Sair da versão mobile