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EUA ‘jamais’ firmarão laços com Assad na Síria, afirma assessor da Casa Branca

Forças dos EUA e membros das Forças Democráticas da Síria (SDF) patrulham a cidade controlada pelos curdos de Al-Darbasiyah, no nordeste da Síria, na fronteira com a Turquia, em 4 de novembro de 2018 [Delil Souleiman/AFP/Getty Images]

Os Estados Unidos “jamais” firmarão relações com o regime sírio de Bashar al-Assad, reiterou nesta quinta-feira (27) Brett McGurk, coordenador da Casa Branca para o Oriente Médio.

Durante uma conversa virtual com a Fundação Carnegie para a Paz Internacional, McGurk comentou esforços recentes de alguns países na região para reconciliar-se com o governo estabelecido na Síria, após uma década de isolamento e guerra civil.

“Não apoiamos a normalização com o regime de Assad”, destacou o assessor de Joe Biden. “Jamais vamos normalizar laços com o regime de Assad; deixamos isso muito claro”.

Seus comentários são as declarações mais contundentes proferidas sobre a Síria por um oficial da Casa Branca, desde a posse do governo democrata, até então. Em setembro do último ano, todavia, o Departamento de Estado afirmou não ter planos para aproximar-se de Assad.

Seus comentários também sucedem uma carta encaminhada por congressistas a Biden, neste mês, para manifestar receio de que diversos aliados de Washington no Oriente Médio tenham normalizado relações com Assad sem qualquer oposição substancial dos Estados Unidos.

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A Síria foi expulsa da Liga Árabe no contexto da chamada Primavera Árabe, no início de 2011, quando deflagrou-se a guerra civil no país — resultado da brutal repressão aos protestos populares por democracia. A guerra matou cerca de 500 mil pessoas e deslocou milhões.

Contudo, nos últimos anos, diversos países árabes passaram a restaurar contatos diplomáticos com Damasco, ao permitir a Assad que se reintegrasse à arena regional.

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) abriram caminho, ao reabrir sua embaixada na capital síria em 2018, após seis anos de ruptura. Em outubro, Omã devolveu seu embaixador a Damasco; em janeiro, o Bahrein indicou seu primeiro embaixador ao país em mais de uma década.

Recentemente, o Rei da Jordânia Abdullah II realizou um telefonema com Assad e o chanceler emiradense Abdullah bin Zayed visitou a Síria em novembro.

McGurk, que deteve postos influentes de segurança nacional nos últimos quatro governos em Washington, não confirmou se a Casa Branca está trabalhando de algum modo para conter os esforços de seus aliados para restabelecer laços com Assad.

No entanto, argumentou: “Eles reconheceram a realidade atual do conflito e tentam agora proteger e materializar seus próprios interesses”.

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McGurk reafirmou ainda distinções entre acordos de segurança entre os governos na região e negociações de normalização: “Caso a Jordânia, país vizinho, queira debater sua segurança de fronteira com a Síria, obviamente não diremos não”.

“Isso é muito diferente de normalizar laços com o regime de Assad”, acrescentou. “E penso que devemos demarcar esse discernimento ao discutirmos a matéria”.

Direitos humanos não excedem outras questões

Após um ano de governo, Joe Biden e sua administração tornaram-se frequentemente alvos de críticas por não cumprir suas promessas sobre direitos humanos, sobretudo no Oriente Médio, onde Washington continua a fornecer armas a Arábia Saudita e Egito.

Embora algumas decisões contraponham políticas de Donald Trump, como a suspensão de um  enorme acordo de armas com Riad e a retenção parcial da assistência militar ao Cairo, ativistas apontam que a Casa Branca ainda está aquém de seus compromissos.

Nesta semana, a Casa Branca aprovou uma venda de armas ao Egito estimada em US$2.5 bilhões, apesar de denúncias de abusos de direitos humanos perpetrados pelo regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi.

McGurk confirmou à Fundação Carnegie que, embora os direitos humanos sejam foco da abordagem política de Biden, eles não excedem outros aspectos de “segurança nacional”.

“A questão de valores e direitos humanos está na mesa quando debatemos interesses de segurança nacional na região; contudo, não está sozinha”, reafirmou.

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Publicado originalmente em Middle East Eye

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