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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Trabalhadores no Brasil contra o apartheid israelense e a exploração na África do Sul

Atividade da CSP-Conlutas no protesto em frente ao Consulado sul-africano, na Avenida Paulista. Em São Paulo, em 27 de janeiro [CSP-Conlutas]

Na última quinta-feira, 27 de janeiro, um grupo de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros realizou uma manifestação em frente ao consulado sul-africano, na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, em solidariedade aos milhares de empregados da Clover, na África do Sul, que estão de braços cruzados em protesto contra as más condições de trabalho e por direitos desde novembro último. A iniciativa, convocada pela Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), se somou a ação internacional na data com esse objetivo. O centro é a luta contra a exploração laboral combinada a chamado por boicote, desinvestimento e sanções (BDS) a Israel, campanha à qual a CSP-Conlutas integra.

A Clover, fundada em 1898, tem desde 2019 como consórcio proprietário o Milco S.A., liderado pela empresa israelense Central Bottling Company (CBS), para o qual foi vendida em meio à onda de desnacionalização na África do Sul. A greve tem sido amplamente reprimida, mas, em vez de arrefecer, agora incorpora a luta política para reverter a privatização.

Campanha da organização Friends of Al Aqsa. No rótulo: Coca-Cola, sabor de Apartheid [Friends of Al Aqsa]

Como escreve César Neto ao portal de notícias da CSP-Conlutas, os principais acionistas são os irmãos bilionários David e Drorit Wertheim, que também são majoritários junto ao terceiro maior banco israelense na Palestina ocupada, o Mizrachi Bank. A CBC conta com uma fábrica da Coca-Cola no assentamento ilegal israelense de Atarot e uma subsidiária, a vinícola Tabor Winery, nas Colinas do Golã, respectivamente em terras palestinas e sírias ocupadas.

O assentamento

Atarot, em Jerusalém, reúne um dos denominados assentamentos ou zonas industriais. Como parte do processo de limpeza étnica e colonização contínuas, a Al Haq, organização de direitos humanos palestina, publicou um documento sobre Atarot como uma das empreitadas sionistas para dar sequência a seu plano de “apagar a Palestina do mapa”.

Vale lembrar que o projeto político colonial sionista sempre teve como intento a “conquista da terra e do trabalho”, via expulsão dos palestinos. Tais assentamentos industriais, que, segundo a Al Haq, somavam 24 na Palestina ocupada até 2019, são parte desse plano e seguem a se expandir em ritmo acelerado. Naquele mesmo ano, o prefeito sionista de Jerusalém informava a intenção de construir mais 12 na região. O resultado é aumento da anexação de terras palestinas com consequente destruição da economia local, mais violação de direitos humanos fundamentais, inclusive à circulação no entorno, contaminação do meio ambiente onde vive a população sob ocupação, restrição de acesso à água e recursos naturais. Ou seja, aprofunda-se o apartheid israelense. É nesse processo que está implicada a CBC.

LEIA: A importação da violência israelense para América Latina

Na tentativa de impedir a desnacionalização, especialmente porque a compradora seria parte do regime de apartheid – com sua produção em terras usurpadas na contínua Nakba (catástrofe palestina com a formação do Estado de Israel em 15 de maio de 1948 mediante limpeza étnica planejada) –, em 2019, os sindicatos de trabalhadores da Clover ingressaram com representação junto a tribunal de defesa independente sul-africano, que, não obstante, rejeitou o pedido.

Trabalhadores unidos

Em repúdio, o BDS África do Sul divulgou em seu site: “Como trabalhadores e internacionalistas, rejeitamos a noção de que uma empresa que está envolvida em roubo de terras, abusos de direitos humanos, violações do direito internacional humanitário e apoia práticas de apartheid deve ter permissão para operar livre e legitimamente na África do Sul, onde ainda estamos tentando resolver as consequências destrutivas do apartheid sobre o nosso povo.”

No mesmo comunicado, o BDS África do Sul expressava pontos que elucidavam o porquê de sua oposição com a venda, o que hoje se mostra a crônica de um desastre anunciado, lamentavelmente ignorado pelas autoridades locais: “Conforme já admitido pela Milco e reconhecido pelo tribunal, a aquisição terá consequências negativas para os trabalhadores sul-africanos que enfrentarão perdas de empregos no contexto de uma economia já em dificuldades; práticas manipuladoras, antiéticas e anticompetitivas do principal componente da Milco, a Central Bottling Company (CBC) de Israel […]; e a violação do direito internacional pela CBC, incluindo as resoluções da ONU e as Convenções de Genebra e a violação dos direitos humanos.”

Além do alerta de possíveis demissões – o que ocorreu, deixando na rua da amargura centenas de trabalhadores em meio à crise econômica, e se somou a aumento de jornada, redução de salários e ataques a direitos –, o BDS enfatizava no mesmo comunicado, entre outras denúncias, que a “CBC também contribuiu para campanhas de apoio às Forças de Ocupação de Israel, responsáveis ​​por inúmeros abusos, crimes de guerra e contra a humanidade na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza sitiada”. E concluía: “Estamos solidários com a classe trabalhadora sul-africana e o povo da Palestina em sua luta contra o apartheid e apoiamos a campanha incondicional de boicote, desinvestimento e sanções contra Israel globalmente e na África do Sul.”

Esta é a mensagem enviada desde o Brasil, na certeza de que nenhum trabalhador ou trabalhadora será livre enquanto houver opressão e exploração em qualquer parte do mundo.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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