Minha resposta aos ataques de sionistas que não representam judeus humanistas do Brasil – Parte I

Amanhecia no Rio de Janeiro e eu acabara de receber uma notícia linda de uma refugiada do grupo que eu ajudara no início da pandemia: seu filho, um garotinho de 7 anos, que adora ler e estudar, conseguira uma bolsa de estudos em um ótimo colégio e ela queria me agradecer e compartilhar comigo sua imensa alegria. Eu ainda corria alegremente pelo quarto quando fui atingida por um dos maiores socos no estômago que recebi nos últimos anos.

Um querido amigo, também ligado à luta pela libertação da Palestina, acabara de me mandar prints das agressões covardes que Michel Gherman, um israelense – brasileiro que se apresenta como professor e assessor do Instituto Brasil- Israel, estava fazendo nas redes sociais.

A sensação de golpe no estômago, e de que eu estava diante de um manipulador monstruoso, vinha do fato de que, poucos meses antes, eu havia escrito um artigo prestando minha solidariedade ao senhor Gherman pelos ataques que ele vinha sofrendo por parte de fascistas de sua própria comunidade judaica, segundo ele mesmo.

Do alto de sua arrogância e soberba, o cidadão israelense Michel Gherman não havia sequer agradecido a essa jornalista árabe-brasileira que lhe prestara solidariedade.

Muitos amigos cariocas já haviam me alertado de que o sujeito era soberbo e manipulador, mas eu, ingenuamente, não queria acreditar nisso, pois o sujeito se definia como sendo de esquerda, e eu acreditava que ele alimentasse alguns valores universais que caracterizam a nossa visão de mundo.

Ledo engano. Michel Gherman estava incitando milhares de seus seguidores sionistas, racistas e arabóficos a me agredirem de todas as formas, afirmando que eu seria uma “ racista”.

O edifício de areia que abrigava tal afirmação, é claro, jamais ficaria de pé. Toda a minha vida, a minha trajetória de luta contra o racismo, meu trabalho com as congolesas aqui no Rio, meu trabalho voluntário com a ONG África do Coração, e alguns minutos de pesquisas no Google desmentiriam o sionista criminoso de forma retumbante.

E o edifício de sua acusação criminosa de fato desabou com centenas de amigos do movimento negro em geral, com ativistas antirracismo e com o presidente do Olodum, José Jorge Rodrigues, das mãos de quem eu recebi a emocionante medalha Marielle Franco em Salvador, todos eles manifestando seu carinho por mim naquele momento.

Mas a sede de sangue e de aniquilamento de Gherman contra uma jornalista mulher e de origem árabe parecia irrefreável. O sujeito também  afirmava na Carta de Repúdio escrita por  ele e assinada por vários grupos sionistas do Brasil, que eu seria uma “negacionista” do Holocausto, uma acusação criminosa, pela qual ele responderá judicialmente, e  desmentida também facilmente pelos inúmeros artigos meus, publicados em alguns dos maiores sites de notícias do mundo, denunciando o neonazismo, a islamofobia, explicando a origem do fascismo italiano e por minhas centenas de  palestras em escolas do Rio de Janeiro, Roma e São Paulo contra os regimes criminosos irmãos: nazismo, fascismo e sionismo.

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 Os ataques e ameaças dos seguidores racistas de Gherman, todos branquíssimos e com sobrenomes europeus que fariam um judeu do Oriente Médio, um semita de verdade, ficar perplexo diante de suas acusações de que eu, de origem árabe, morena, e totalmente ligada à cultura e história daquela região, seria uma “ antissemita ”, continuavam.

Náuseas e ânsias percorriam meu corpo. Enquanto eu vomitava literalmente no banheiro, diante das falsas e gravíssimas acusações do sujeito sionista, Gherman vomitava metaforicamente toda a sua arabofobia nas redes, afirmando que eu dissera apenas “ mentiras”, “ invencionices “ e “ conspiracionismos” durante a minha entrevista sobre o tráfico de mulheres brasileiras para Israel.

Em um de seus posts, o sujeito também me chamava, de forma pejorativava de “ essa libanesa”, babando de ódio e ofendendo não apenas a mim, mas também 15 milhões de brasileiros de origem sírio-libanesa.

O sionista Gherman continuava incitando ódio contra mim por parte de alguns judeus brasileiros sionistas afirmando que eu “ elogiara os judeus mortos no Holocausto enquanto ficava confortável diante dos cadáveres de Hitler”.

Lágrimas e ânsia invadiam minha boca enquanto eu olhava para o rosto branquíssimo do sujeito cujos ancestrais jamais foram semitas, mas apenas europeus askenazis, que em algum momento do século X decidiram se converter à religião judaica, por diferentes razões, europeus que nunca foram semitas, como já explicou brilhantemente em suas obras o premiadíssimo escritor israelense Schlomo Sand, sobre o qual falarei daqui a pouco.

O sujeito branquíssimo e europeu ,cujo sobrenome tem a mesma raiz da palavra “ alemão”, o sujeito que tem cidadania israelense apenas pelo critério religioso, e não porque tenha raízes ancestrais no Oriente Médio, o sujeito que  serviu ao Exército mais imoral e covarde do planeta, estava chamando uma jornalista de cabelos e olhos negros, de etnia árabe, absolutamente semita,  cujos avós nasceram no Oriente Médio e falavam uma das três línguas fundamentais que deram origem ao termo semita, árabe, aramaico e hebraico, de “ antissemita” e “racista” . Se existe um discurso mais sórdido e mais manipulador do que esse, se existe um sequestro cultural mais sórdido nesse momento da história, não apenas com territórios invadidos ilegalmente por israelenses, mas também da linda cultura árabe por europeus sionistas que não tem nenhuma cultura coletiva ancestral naquela região, simplesmente porque jamais pertenceram àquela região,  e jamais serão semitas como eu e milhões de árabes originários do oriente Médio, eu desconheço.

Minha filha adolescente, que havia acordado naquele momento, me encontrou chorando, lendo os ataques sórdidos do sionista e de seus seguidores, que me agrediam de todas as formas nas páginas públicas, enquanto me ameaçavam de estupro e morte de forma privada.

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Para não assustar mais minha filha, fui me acalmando e relatando a ela as agressões que eu estava recebendo por afirmar na entrevista algo mais do que provado, ou seja, que existem, máfias israelenses e de judeus de outras nacionalidades que vivem em Israel, que estão envolvidas no tráfico de mulheres, segundo a Interpol, a OIT, a ONU, o FBI, os policiais italianos que em entrevistei em Roma e as mais de 32 mulheres que já entrevistei, como jornalista, no Rio de Janeiro, em Tel Aviv e em Roma, depois que elas foram resgatadas dos traficantes de mulheres e recomeçaram suas vidas. Expliquei que eu estava sendo massacrada também por afirmar que houve no século XIX e parte do XX, uma máfia chamada Zwi Migdal, que enganava com falsas promessas e trazia para o Brasil, meninas polonesas judias de 17 anos, que foram exploradas e jogadas na prostituição por esses mafiosos por décadas. Homens que, sabidamente, eram judeus, sim, e usavam um longo casaco preto chamado cáften, a palavra que deu origem ao termo “ cafetão” no Brasil. Eram traficantes de mulheres judeus, assim como existem traficantes de mulheres que são cristãos, muçulmanos, hindus, e nenhum jornalista pode ser ameaçado por dizer que existem judeus traficantes.

Depois de me acalmar e receber o imenso carinho de minha filha, fui descobrindo também que eu estava sendo apoiada e recebendo o afeto de milhares de pessoas nas redes sociais, de pessoas que  conheciam meu trabalho com os refugiados, de palestinos muçulmanos que me receberam com imenso amor na Palestina, Síria e Libano,  e que eu estava recebendo  o apoio inclusive de centenas de judeus brasileiros e latino-americanos maravilhosos, que repudiaram imediatamente os ataques criminosos dos sionistas contra mim. Sim, judeus maravilhosos e não-sionistas.

Sionistas como Michel Gherman e Beatriz Kusrshinir não representam e jamais representarão a totalidade de judeus do mundo, não representam a religião judaica, uma religião abraâmica que é irmã de minha própria religião, o cristianismo, e que é irmanada também com uma das religiões mais amadas por mim desde sempre, o islamismo. O judaísmo ( religião)  nada tem em comum com o sionismo ( movimento político ultranacionalista e  extremista, nascido na mesma época que o nazismo, no final do século XIX, pelas mãos do europeu Theodore Herzl, e que que promove a limpeza étnica do povo palestino, como já escreveu e provou com inúmeros arquivos históricos, o escritor israelense Illan Pappè ) .

O antissionismo jamais será sinônimo de antissemitismo. Judaísmo jamais será sinônimo de sionismo. O judaísmo, assim como todas as religiões do mundo, merece todo o nosso respeito, e a diversidade religiosa é um dos eixos centrais do meu trabalho e da minha luta pelo acolhimento aos refugiados há mais de 10 anos.

Dito isso, passo a enumerar as mentiras proferidas pelos sionistas Michel Gherman e Beatriz Kushinir em sua entrevista de uma hora de ataques a mim na TV 247.

Sim, mesmo depois de terem conseguido que a direção do 247 retirasse do ar a minha entrevista, em um ato imoral de censura a uma jornalista brasileira, os sujeitos continuaram com  suas tentativas de me calar, exatamente como o sionismo tem feito há décadas contra jornalistas palestinos que documentam os bombardeios a creches, escolas e hospitais, os assassinatos cometidos por colonos e  extremistas judeus que queimam vivos bebês e famílias inteiras como aconteceu em Duma, os abusos imorais do exército israelense, os incêndios provocados por extremistas judeus em igrejas cristãs e mesquitas em toda a Palestina, a prisão ilegal de crianças palestinas de 8 anos. Não por acaso Israel tem sido denunciado há anos pelos Repórteres Sem Fronteiras por torturar crianças e cegar jornalistas palestinos ( pesquise sobre isso) e hoje  ocupa a vergonhosa posição de 86 lugar em um ranking sobre a liberdade de imprensa em 130 países.

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Os sionistas Gherman e Kushinir, passaram uma das vergonhas mais constrangedoras da história do jornalismo brasileiro depois da entrevista de ataques a mim, e depois de serem repudiados veemente por centenas de judeus brasileiros, minutos depois de Gherman ter afirmado que havia conseguido reunir toda a comunidade judaica brasileira contra mim.

 

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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