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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Bennet emite mensagens claras aos líderes palestinos

Primeiro-Ministro de Israel Naftali Bennett durante painel organizado pela Universidade Reichman, em 23 de novembro de 2021 [Governo de Israel/Agência Anadolu]

Como deixou claro em entrevistas concedidas nesta quarta-feira (2) a cinco jornais israelenses, o premiê do estado sionista, Naftali Bennett, considera absolutamente desimportante a Autoridade Palestina (AP) e sua liderança. Bennett tampouco confere relevância ao encontro de seus próprios ministros, não importa escalão, com representantes palestinos. Por exemplo, ignora a reunião entre o presidente palestino Mahmoud Abbas e seu Ministro da Defesa Benny Gantz, assim como entre Hussein al-Sheikh, chefe de assuntos civis da Autoridade Palestina, e o chanceler israelense Yair Lapid. Bennett considera tais eventos meramente sob o contexto de seu acordo de coalizão, a fim de “preservar o status quo”, enquanto intensifica os avanços dos assentamentos ilegais sobre as terras ocupadas.

De fato, a coisa mais importante que disse o premiê sobre o povo palestino e seus líderes — considerados ilegítimos, pois carecem de voto ou apoio popular — é sua elucidação de que Gantz ou Lapid não têm qualquer aval para tratar de questões políticas sobre a matéria. Todavia, alguns palestinos preservam alguma centelha de otimismo, embora equivocada.

Ao passo que tais encontros ignoram questões “sérias”, são absolutamente improfícuos e podem ser utilizados para expandir a cooperação econômica com a Autoridade Palestina.

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O que chama minha atenção sobre os comentários de Bennett é como ele puxa o tapete debaixo dos pés de Abbas e seus correligionários, incluindo eventuais sucessores, como al-Sheikh — que, por sua vez, tentou justificar os recentes encontros no “coração de Israel” ao reiterar a necessidade de “conter” os colonos ilegais e preservar um “horizonte político”.

Protesto palestino em frente ao escritório do premiê israelense Naftali Bennett, contra ataques da ocupação contra os residentes do Negev, em Jerusalém ocupada, 30 de janeiro de 2022 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

Não obstante, as declarações do premiê deixam tudo bastante claro, ao confirmar que a potência ocupante não pretende instituir qualquer processo político ou engajar-se com novos acordos, enquanto o líder de extrema-direita permanecer no poder ou mesmo caso Lapid assuma o governo, como previamente acorado. Bennett enfatizou que qualquer tentativa de chegar a um novo consenso de Oslo levaria ao colapso de seu governo.

As afirmações do premiê deveriam convencer os líderes palestinos de que não é preciso humilhar-se para visitar ministros israelenses em suas residências oficiais, pois a chave para uma solução política sequer está em suas mão: “Eles não estão autorizados a conduzir conversas políticas com o lado palestino”. As palavras de Bennett deveriam levar também ao fim das súplicas de Abbas e seus colegas por ajuda financeira e incitar alertas de que a coordenação de segurança e mesmo a própria Autoridade Palestina possam desmoronar.

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Ao contrário, os líderes palestinos deveriam retornar ao projeto de resistência e a uma libertação digna de sua população. Este processo começa com esforços direcionados para colocar em ordem a casa palestina e então conquistar a reconciliação com todas as facções nacionais, antes mesmo de qualquer outra coisa.

Este artigo foi publicado originalmente em árabe pela rede Arab48, em 31 de janeiro de 2022

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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