O Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI) confirmou nesta quarta-feira (2) ter adquirido a ferramenta de espionagem Pegasus, desenvolvida pela companhia israelense NSO, em 2019; contudo, negou utilizá-la em suas operações de campo.
Em nota compartilhada com o jornal britânico The Guardian, o FBI afirmou ter comprado o spyware israelense para “permanecer em dia com tecnologias e ferramentas emergentes”.
A agência alegou obter uma “licença restrita” para empregar o Pegasus “somente na testagem do produto e avaliações”, e negou “uso operacional do software em quaisquer investigações”.
Na última semana, o New York Times expôs a aquisição do aplicativo Pegasus pelo FBI. Todavia, a declaração ao The Guardian admite diretamente a aquisição da tecnologia de hackeamento.
Segundo a primeira reportagem, uma equipe do grupo NSO viajou aos Estados Unidos para instalar a ferramenta nos computadores do FBI; contudo, a agência optou por não utilizá-la.
“Gastar milhões em uma empresa notória por facilitar abusos em série de direitos humanos, possíveis atos criminosos e operações que ameaçam a segurança nacional é definitivamente preocupante”, declarou Ron Deibert, diretor do Citizen Lab da Universidade de Toronto, que monitora a vigilância internacional, incluindo as atividades do grupo NSO.
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“Na melhor das hipóteses, parece algo absolutamente contraproducente, irresponsável e mal administrado”, acrescentou.
A revista The Calcalist observou em janeiro que a polícia israelense adotou o spyware Pegasus para espionar manifestantes contrários ao governo, frequentemente sem mandados judiciais.
A reportagem agregou um aspecto doméstico à pressão internacional, após acusações de que o spyware israelense foi utilizado por governos estrangeiros para espionar jornalistas, ativistas de direitos humanos e eventuais opositores políticos.
A empresa NSO, cuja venda de tecnologia requer aprovação de Tel Aviv, nega qualquer envolvimento em operações de espionagem, após seu produto ser vendido ao exterior.