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Pior nevasca em dez anos expõe desespero dos refugiados sírios no Líbano

Criança síria descalça sobre a neve, no campo de refugiados de al-Hilal, perto de Baalbek, no Líbano, 20 de janeiro de 2022 [AFP via Getty Images]

Ao passo que o Líbano busca superar sua pior nevasca em uma década, o impacto do clima implacável expôs novamente a situação de desespero dos refugiados sírios que lutam para sobreviver no país mediterrâneo.

Cerca de 1.5 milhões de refugiados vivem no Líbano, mas comboios assistenciais não puderam alcançar as partes mais remotas do país, reportou a televisão local, após o exército fechar vias de acesso às regiões de montanha, supostamente devido ao inverno.

A maioria dos refugiados vive em tendas improvisadas, sem isolamento, combustível ou cobertura adequada, sob temperaturas abaixo de zero durante a madrugada.

O Líbano sofre ainda de sua pior crise econômica e social desde a guerra civil, de modo que os refugiados sírios permanecem como última das prioridades do governo federal.

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A inflação atingiu severamente os preços de produtos essenciais. Conforme o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o colapso econômico, agravado pela pandemia de covid-19, levou 89% dos refugiados sírios no país a situação de miséria.

Além disso, segundo o Observatório de Proteção aos Refugiados, metade das crianças sírias no Líbano não tem acesso à educação, pois não há vagas para elas nas instituições públicas e suas famílias não podem arcar com o custo do ensino privado.

Desde o início do último ano, ao menos 70% dos refugiados sírios no Líbano deixaram de receber assistência humanitária.

Neste entremeio, alguns políticos querem expulsá-los do país, ao afirmar que a Síria está “segura” para seu retorno, com intuito de atenuar a pressão sobre a economia, apesar da perseguição ainda imposta pelo regime de Bashar al-Assad.

Estados europeus ecoam o sentimento, sobretudo após a Dinamarca assumir a dianteira e revogar vistos de residência a refugiados sírios.

Todavia, as atrocidades continuam, incluindo tortura, sequestro e execuções extrajudiciais contra refugiados sírios que retornaram há pouco a sua terra natal.

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