O Irã se tornou extremamente importante para o mundo industrializado após a grande descoberta de petróleo, em 1908, por uma empresa britânica. E essa petroleira negociou com o governo direitos exclusivos para buscar, extrair e vender o produto.
Com isso, os britânicos ficavam com 80% dos enormes lucros e deixavam apenas 20% para o Irã. Em 1951, o novo primeiro-ministro eleito Mohammad Mosaddegh nacionalizou a indústria de petróleo e a retirou das mãos dos britânicos. Mas em 1953, o Xá Mohammad Reza Pahlavi removeu seu próprio primeiro-ministro, em um golpe apoiado pelos Estados Unidos e Inglaterra e voltou a desnacionalizar o petróleo.
As novas regras passaram metade dos lucros do petróleo a um consórcio de empresas, em maioria americanas e britânicas. E o xá criou programas de modernização do Irã, consideradas ocidentais, conhecidos como “Revolução Branca”.
Em 1963, o opositor Aiatolá Khomeini se destacou por criticar as reformas do Xá e foi forçado ao exílio. Ele defendia um estado de cultura islâmica desvinculado do imperialismo colonial.
Enquanto isso, o boom do petróleo tornava a família do Xá extremamente rica, mas os benefícios econômicos não chegavam à maioria da população. Uma recessão iniciada em 1975 aumentou as tensões entre as classes sociais.
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A oposição ao Xá já vinha de vários lados. Os clérigos muçulmanos não gostaram de sua ocidentalização. Os intelectuais se opuseram ao seu governo autocrático e muitos trabalhadores rurais foram forçados a ir para as cidades por causa de suas reformas de foco urbano.
Em janeiro de 1978, ataques a Khomeini desferidos pela imprensa oficial deram início a grandes manifestações em apoio ao opositor exilado. Estes se espalharam e foram reprimidos de modo brutal e cada vez mais violento pelo governo, deixando muitos mortos e feridos.
As tensões cresceram ainda mais quando, em 19 de agosto de 1978, um incêndio criminoso em um cinema matou centenas de pessoas Os apoiadores do Xá culparam os estudantes islâmicos, enquanto os revolucionários acusaram o serviço secreto do Xá. O sentimento antigovernamental atingiu seu auge.
Tentando manter o controle, o Xá impôs a lei marcial em Teerã. Em resposta, milhares de manifestantes se reuniram na Praça Jaleh. O exército usou tanques, helicópteros e tropas terrestres contra os protestos. Segundo o governo, 168 pessoas morreram, enquanto líderes da oposição contabilizaram cerca de quatro mil.
No final de outubro de 78, uma grande greve geral paralisou a indústria iraniana.
Em janeiro de 79, a situação já era insustentável. O Xá então fugiu com a família para o Egito, mas antes nomeou o primeiro-ministro Shapour Bakhtir. E este, ao assumir, autorizou a volta de Khomeini do exílio.
Em 1º de fevereiro, o aiatolá Khomeini retornou e dissolveu o governo de Bakhtir, nomeando um novo primeiro-ministro, Mehdi Bazargan.
Em 1º de abril, após um referendo, o país se tornou a República Islâmica do Irã, uma teocracia que confere plenos poderes ao seu líder religioso supremo. O aiatolá Khomeini ficou no poder até a sua morte em 1989.
Arquivos do Oriente Médio: As ditaduras na região árabe