O príncipe William, segundo na linha de sucessão ao trono da Casa de Windsor, chegou nesta quinta-feira (10) aos Emirados Árabes Unidos, segundo informações da agência Reuters.
Sua visita coincide com ataques sem precedentes de mísseis e drones houthis — lançados do Iêmen, em maioria frustrados — contra o antigo protetorado britânico.
Trata-se da primeira visita oficial do Duque de Cambridge ao país, cinquenta anos após seis de seus territórios constituírem uma federação independente. O sétimo emirado, Ras al-Khaimah, juntou-se mais tarde, em 1972.
A viagem do príncipe, encomendada pela Secretaria de Relações Exteriores, deseja aprofundar relações comerciais com os abastados regimes do Golfo, como parte da estratégia posterior ao Brexit — isto é, a saída britânica da União Europeia.
No Twitter, o nobre britânico alegou “celebrar a sustentabilidade, a colaboração e a inovação”. Com sua presença na capital emiradense, foi lançada a Iniciativa dos Mangues de Abu Dhabi, para transformar a cidade em um centro de pesquisa sobre a flora costeira.
William também visitou o gigantesco porto de Jebel Ali, onde reafirmou seu compromisso com a campanha United for Wildlife (Unidos pela Vida Selvagem) contra o contrabando de animais.
O Duque de Cambridge então encaminhou-se à Feira Mundial de 2020 — adiada em um ano devido à pandemia de covid-19, realizada entre outubro do último ano e março próximo. Em visita ao pavilhão britânico, o príncipe promoveu seu prêmio ambiental Earthshot.
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Londres prontamente condenou o ataque aéreo de 17 de janeiro, que matou três civis em Abu Dhabi, reivindicado pelo grupo iemenita houthi, ligado a Teerã. O movimento rebelde enfrenta uma coalizão liderada pela Arábia Saudita em seu país, com participação emiradense.
Os Emirados reportaram ter interceptado dois outros ataques aéreos conduzidos pelos houthis e um quarto atentado executado por um grupo desconhecido.
No último ano, a confederação do Golfo, rica em petróleo, investiu 10 bilhões de libras (US$13.6 bilhões) no Reino Unido, ao pleitear um acordo de livre comércio com a antiga metrópole.
O país europeu busca expandir seu engajamento global após o Brexit. Todavia, parlamentares e ativistas denunciam o premiê conservador Boris Johnson por favorecer negócios em detrimento da pauta de direitos humanos.
Em 2021, a Suprema Corte em Londres estabeleceu que o governante de Dubai, Mohammed bin Rashid al-Maktoum, de fato ordenou a invasão dos celulares de sua ex-esposa, a princesa Haya da Jordânia, assim como de seus advogados, incluindo um cidadão britânico.
Previamente, outro juiz determinou que Mohammed al-Maktoum conduziu uma campanha de ameaças e intimidação contra Haya bint-Hussein, exilada no Reino Unido, após sequestrar duas de suas filhas de outro casamento.
Embora a monarquia britânica tenha poucos poderes práticos e seja supostamente apartidária, suas intervenções concedem um verniz de “soft power” nas relações diplomáticas.
O príncipe Charles, pai de William e primeiro sucessor ao trono, visitou o Golfo diversas vezes e desenvolveu relações próximas com os monarcas da região.
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