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Comboio paramilitar avança a Trípoli para apoiar premiê interino

A chegada do comboio paramilitar na capital retomou temores de novos combates na Líbia, conforme avança a crise política

Um comboio paramilitar avançou de Misrata à cidade de Trípoli, capital da Líbia, neste sábado (12), para apoiar o primeiro-ministro interino em meio a esforços do parlamento para depô-lo, em favor de um candidato próprio.

As informações são da agência de notícias Reuters.

O premiê em exercício Abdulhamid al-Dbeibah jurou entregar o poder somente após eleições nacionais e rechaçou uma campanha de congressistas para designar o ex-Ministro do Interior Fathi Bashagha  como chefe de um novo governo.

A chegada do comboio paramilitar na capital retomou temores de novos confrontos na Líbia, conforme avança a crise política, após mobilizações de grupos armados nas últimas semanas, que apoiam diferentes lados da disputa.

Segundo correspondentes da Reuters, mais de cem veículos chegaram a Trípoli, após Dbeibah acusar o legislativo de ser “responsável por todo o caos e derramamento de sangue” no país.

Por sua vez, Aguila Saleh, presidente do parlamento, acusou o premiê de corrupção e de utilizar seu cargo em benefício próprio, ao invés de conduzir a transição política.

A Líbia é assolada por conflitos desde 2011, quando um levante popular — com apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) — depôs o longevo ditador Muammar Gaddafi. Em 2014, o país foi dividido em leste e oeste pelas facções em guerra.

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Durante o conflito, o congresso permaneceu ao lado de Khalifa Haftar, que comanda milícias da porção leste, autodenominadas Exército Nacional da Líbia (ENL). As tropas de Misrata estiveram do lado oposto, apoiando o governo reconhecido internacionalmente.

Dbeibah foi empossado no último ano, como chefe do chamado Governo de União Nacional, órgão estabelecido pelo processo da Organização das Nações Unidas (ONU), com objetivo de unificar as instituições nacionais e promover eleições gerais em 24 de dezembro.

Após o processo eleitoral implodir em meio a disputas faccionárias, o congresso decidiu assumir o controle sobre as iniciativas políticas, ao anunciar um novo “roteiro” para o pleito e insistir na  substituição do atual governo interino.

Nesta semana, parlamentares pediram a Bashagha para compor um novo gabinete, após uma sessão na qual o presidente da câmara alegou que seu único concorrente havia se retirado da disputa e, portanto, consentido com a indicação do ex-ministro.

Comboio militar com 200 veículos pesadamente armados chega a Trípoli, capital da Líbia, após partir de Misrata, em 12 de fevereiro de 2022 [Hazem Turkia/Agência Anadolu]

Bashagha voou à cidade de Trípoli na noite de quinta-feira (10), para administrar um processo de duas semanas, que deve resultar em um novo governo. Ao pousar na capital, o ex-ministro afirmou ter esperanças de uma transição pacífica.

Dbeibah, por outro lado, prometeu anunciar na próxima semana seu próprio roteiro para realizar eleições gerais em meados deste ano.

A posição das Nações Unidas e potências globais será crucial para determinar o resultado do impasse, após anos de intervenção estrangeira na Líbia. A ONU reiterou reconhecer ainda a legitimidade de Dbeibah e do processo político do qual faz parte.

Contudo, na sexta-feira (11), o secretário-geral António Guterres corroborou o movimento do congresso para nomear Bashagha, desde que ocorra junto ao Supremo Conselho de Estado, a fim de reavaliar o caminho adotado à democracia na Líbia.

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