A organização Human Rights Watch (HRW) conclamou os líderes europeus a abordar a crise de direitos humanos no Egito, sob presidência do general Abdel Fattah el-Sisi, às vésperas de uma reunião de cúpula entre a União Africana e a União Europeia, nesta semana.
Os líderes africanos visitarão Bruxelas entre 17 e 18 de fevereiro, para participar da 6ª Cúpula África-Europa, com foco em questões de desenvolvimento, migração, educação e segurança, sobretudo na região do Sahel.
O ditador egípcio planeja uma série de reuniões de alto escalão durante o evento. Contudo, o Human Rights Watch reafirmou apelos para que os governos europeus o responsabilizem por violações humanitárias conduzidas em seu país.
Cerca de 65 mil prisioneiros políticos permanecem em custódia no Egito, sob tortura sistemática e “prisão preventiva” renovada indefinidamente, isto é, sem qualquer condenação.
Vídeos recentemente vazados ao MEMO mostram detentos vendados e com as mãos atadas atrás das costas, postura tradicionalmente adotada por torturadores, dentro da penitenciária egípcia de Katameya.
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Apesar de prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados, assassinatos extrajudiciais e casos de tortura serem vastamente documentados, políticos europeus insistem que Sisi é um importante aliado nos esforços para conter o terrorismo e a crise dos refugiados.
Nos últimos anos, milhares de opositores no Egito foram acusados de filiação a “grupos clandestinos” e encarcerados sob acusações espúrias de “terrorismo”.
No fim de 2021, uma operação militar clandestina, executada sob colaboração franco-egípcia, matou centenas de civis sob o pretexto de “ameaças terroristas” provenientes da Líbia.
“Ao invés de estender ao presidente o tapete vermelho, os governantes da Europa deveriam concentrar-se em denunciar a crise de direitos humanos sob seu regime e tomar medidas há muito proteladas para combatê-la”, declarou Claudio Francavilla, representante do HRW.
“Uma mudança radical na abordagem europeia sobre o Egito, há muito reivindicada pelo Parlamento Europeu e por organizações não-governamentais, é imperativa para conter a implacável repressão do governo egípcio”, concluiu Francavilla.