Um membro do parlamento suspenso da Tunísia, Yassin Ayari, disse à Reuters que um tribunal militar o condenou, na sexta-feira, à revelia a 10 meses de prisão sob a acusação de insultar o presidente e o exército, depois que ele descreveu a decisão do presidente de congelar o parlamento como um golpe militar.
O presidente, Kais Saied, suspendeu o parlamento em 25 de julho, demitiu o governo e assumiu o controle da maioria das autoridades, atraindo críticas generalizadas em casa e no exterior, relatou a Reuters.
A pena de prisão reforçará os temores da oposição de que Saied esteja buscando vingança contra seus opositores, depois que ele também dissolveu o Conselho Superior da Magistratura, órgão que garante a independência do Judiciário.
Ayari, em um post no Facebook, descreveu as ações de Saied como um golpe militar.
“É ridículo. […] Ontem, Saied disse em Bruxelas que não é um ditador e hoje um tribunal militar emite uma sentença de prisão contra a liberdade de expressão para um legislador”, disse Ayari à Reuters por telefone de Paris.
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Os críticos de Saied o acusam de buscar poderes ditatoriais e minar o estado de direito.
Saied disse que defenderá os direitos e as liberdades conquistados na revolução de 2011 que trouxe a democracia à Tunísia e colocará uma nova constituição em referendo neste verão, com novas eleições parlamentares em dezembro.