Neste domingo (20), a Etiópia começou a produzir energia elétrica na Grande Represa do Renascimento — projeto multibilionário construído na bacia hidrográfica do Nilo.
A gigantesca usina hidrelétrica causou tensões regionais, à medida que Sudão e Egito apontam receios de escassez de água a jusante. As informações são da agência Reuters.
Após acionar um botão digital para ligar as turbinas na primeira fase do projeto, o premiê Abiy Ahmed tentou asseverar aos estados vizinhos que sua iniciativa de infraestrutura não pretende prejudicar seus interesses.
“O principal objetivo da Etiópia é levar luz a 60% da população que sofre no escuro e poupar o trabalho de mães que carregam lenha nas costas para gerar energia”, declarou Abiy.
De acordo com seu governo, o projeto é fundamental para o desenvolvimento econômico do país. Não obstante, Sudão e Egito — ambos dependentes do Nilo — temem impactos em seu acesso à água.
A Etiópia é o segundo país mais populoso do continente, com 110 milhões de pessoas. No entanto, possui ainda o segundo maior déficit em eletricidade em toda a África, conforme dados do Banco Mundial. Dois terços da população carecem de rede elétrica.
O custo do projeto é calculado em US$5 bilhões no total. Quando concluído, deverá tornar-se a maior usina hidrelétrica da África, gerando 5.150 MW de potência, com eventual capacidade de exportação às nações vizinhas, segundo o governo.
O governo etíope investiu até então US$1.98 bilhões, segundo a rede de notícias FANA.
A barragem é localizada em Guba, na região de Benishangul-Gumuz, no oeste do país.
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