As Forças por Liberdade e Mudança do Sudão renovaram seus apelos por uma campanha nacional para libertar mais de 200 manifestantes detidos pelas autoridades.
O comunicado divulgado neste domingo (20) coincidiu com a visita de Adama Dieng, especialista em direitos humanos das Nações Unidas, ao país norte-africano.
O grupo condenou ainda a prisão de Taha Osman Ishag, figura de liderança da Frente por Liberdade e Mudança, no último sábado (19), ao apontar motivação política.
“Instamos o povo sudanês em casa e no exterior a organizar uma campanha nacional para libertar todos os prisioneiros — isto é, ao menos 200 pessoas, incluindo 96 prisioneiros na penitenciário de Soba”, destacou o comunicado.
“Que nossas vozes sejam ouvidas para exigir o fim da tortura e da violência, demonstrar solidariedade com a família dos prisioneiros e reivindicar que comida e remédios sejam providenciados a seus entes queridos”, acrescentou.
O grupo exortou organizações de direitos humanos a abordarem o representante das Nações Unidas para “pressioná-lo a visitar os presos, trabalhar por sua soltura, dar fim à violência, tortura e violações graves de direitos humanos, e reunir uma comissão independente para investigar os assassinatos cometidos após o golpe de estado de 25 de outubro”.
LEIA: ONU demanda soltura de ex-ministro detido no Sudão
Milhares de pessoas tomaram as ruas de diversos bairros de Cartum, além das cidades de Bahri e Omdurman, para conclamar “coordenadores dos comitês de resistência” a constituírem um governo absolutamente civil e libertarem os prisioneiros políticos.
Durante os protestos, segundo relatos, uma pessoa foi baleada e morta em Bahri.
Forças da oposição e ongs de direitos humanos acusam as autoridades sudanesas de aprisionar lideranças políticas e ativistas dos “comitês de resistência”.
O chefe do exército, Abdel Fattah al-Burhan, alegou previamente que os mandados de prisão foram emitidos por “autoridades judiciais independentes”.
O Sudão vive instabilidade política desde 25 de outubro, quando al-Burhan conduziu um golpe de estado e impôs prisão domiciliar ao então premiê Abdallah Hamdok.
Após protestos populares, al-Burhan chegou a um acordo com Hamdok em novembro último, para restituí-lo ao cargo. Contudo, as manifestações continuaram, ao insistirem que a medida apenas legitimou a tomada militar do poder.
No início de janeiro, Hamdok renunciou.