A Qatar Airways solicitou a uma corte britânica para restaurar um pedido de 50 aviões de carreira Airbus A321, após a fabricante europeia revogá-lo devido a uma disputa sobre o aterramento parcial de aeronaves maiores A350.
As informações são da agência Reuters.
A companhia aérea pediu indenizações não quantificadas pela decisão da fabricante de cancelar a venda da moderna aeronave de 220 assentos, prevista para entrega em fevereiro do próximo ano. A Airbus recusou-se a comentar o processo.
A reivindicação representa a mais recente crise em meio a meses de divergências contratuais e de segurança que amargaram o relacionamento entre dois dos maiores agentes da indústria de aviação internacional, a níveis sem precedentes.
Ambos os lados divergem sobre a erosão da pintura de superfície e a proteção a raios de aeronaves A350.
Até então, segundo as informações, autoridades catarianas aterraram 21 das 53 aeronaves A350 sob pretexto de segurança, levando a um processo judicial contra a Airbus estimado em mais de US$600 milhões. O Catar espera um grande fluxo de turistas para a Copa do Mundo FIFA, no fim deste ano.
Os documentos do processo confirmam que outra aeronave A350 também teve suas operações canceladas pela Qatar Airways em 13 de fevereiro.
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A Airbus reconheceu problemas de qualidade, mas acusou a companhia aérea de retratá-los como questões de segurança para obter indenização. Reguladores europeus afirmam que os problemas não impedem o voo das aeronaves, que mantêm atividade no resto do mundo.
Grave prejuízo
Dada a recente escalada na disputa sobre os aviões A350, a Airbus decidiu cancelar em janeiro o pedido de A321 pela Qatar Airways, ao sugerir quebra de contrato. Dias depois, o Catar solicitou provisoriamente 25 aviões 737 MAX produzidos pela Boeing, principal concorrente da Airbus.
Apesar disso, o processo judicial desta sexta-feira enaltece o modelo da Airbus, sem igual no setor, com intuito de restituir o acordo estabelecido previamente entre as partes.
O Catar também apelou ao judiciário britânico para impedir a fabricante de revender as aeronaves A321. O modelo está esgotado até 2028, de modo que a Qatar Airways pode enfrentar “grave prejuízo” caso o pedido não seja restabelecido.
Um porta-voz confirmou que a Airbus registrou documentos para reagir ao processo, mas negou-se a conceder detalhes antes de sua publicação.
A fabricante insistiu em audiências preliminares que as aeronaves A350 são seguras para voar e sugeriu que seus próprios interesses podem ser prejudicados, caso o processo vá adiante. Ainda assim, decidiu manter a situação como está até a próxima audiência, em abril.
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