O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, disse ontem que seu país não recuará em suas linhas vermelhas nas negociações nucleares com potências ocidentais, informou a agência de notícias Fars.
“O governo busca negociações nucleares em plena conformidade com os princípios e a estrutura estabelecidos pelo Líder Supremo, não recuou e não recuará em nenhuma dessas linhas vermelhas”, disse Raisi.
Isso ocorreu depois que a União Europeia disse que era hora de os Estados Unidos e o Irã tomarem as decisões políticas necessárias para chegar a um acordo. As longas negociações de 11 meses para reviver o acordo nuclear de 2015 chegaram à sua fase final.
O Irã quer que todas as sanções sejam retiradas e quer garantias dos Estados Unidos de que não abandonará o acordo, como fez em 2018, quando o então presidente dos EUA, Donald Trump, se retirou do acordo e reimpôs sanções a Teerã.
Mais cedo, nesta segunda-feira, o principal negociador nuclear do Irã, Ali Bagheri Kani, retornou a Teerã para consultas.
Enquanto isso, o coordenador de negociações nucleares da União Europeia, Enrique Mora, disse na segunda-feira que chegou a hora de tomar decisões políticas para encerrar as negociações, informou a Reuters.
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Diplomatas dizem que ainda há a necessidade de superar muitas diferenças nas negociações, que também foram prejudicadas pelas exigências de última hora da Rússia por uma garantia dos Estados Unidos de que seu comércio, investimento e cooperação técnico-militar com o Irã não serão afetados por sanções ligadas à sua invasão da Ucrânia.
No entanto, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, minimizou a demanda russa durante uma visita à Estônia, dizendo que a Rússia tem interesse próprio em impedir que o Irã adquira armas nucleares.
“Continuamos trabalhando para ver se podemos voltar a cumprir o acordo mútuo com o Irã. A Rússia continua engajada nesses esforços e tem seu próprio interesse em garantir que o Irã não consiga adquirir uma arma nuclear”, disse Blinken.
Se as negociações fracassarem, corre-se o risco de Teerã entrar em uma corrida de curta duração para adquirir uma arma nuclear, provocando uma nova guerra no Oriente Médio enquanto pressiona o Ocidente a impor mais sanções ao Irã e elevar os já altos preços globais do petróleo devido ao conflito na Ucrânia.
As partes envolvidas nas negociações disseram na semana passada que um acordo era esperado dentro de dias.
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