O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que a situação na Ucrânia revelou grandes problemas dentro do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Erdogan observou: “Se o mundo se opusesse à ocupação da Ucrânia em 2014, estaríamos enfrentando a perspectiva atual? Aqueles que ficaram em silêncio sobre a Crimeia em 2014 agora se manifestam, a justiça é válida apenas para uma parte do mundo?”, referindo-se à anexação unilateral da Crimeia por Moscou.
Isso veio em um discurso proferido pelo presidente turco no lançamento do Fórum de Diplomacia de Antália, com a participação de vários chefes de Estado e organizações internacionais.
Erdogan renovou suas críticas ao mecanismo de resolução de disputas do Conselho de Segurança da ONU, no qual os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU decidem o destino dos 193 estados membros da organização, o que ele considera injusto.
Ele enfatizou que o problema com o Conselho de Segurança está no sistema de votação: “Quando uma das partes conflitantes se torna membro permanente e tem direito de veto, o papel vinculante do Conselho de Segurança da ONU é interrompido”.
O presidente turco enfatizou a necessidade de: “Criar uma nova arquitetura de segurança global que esteja interessada na paz e sirva a toda a humanidade em vez dos interesses dos cinco países do Conselho de Segurança (EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França)”.
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Erdogan também deixou claro que a reunião da Rússia e da Ucrânia na primeira reunião de alto nível em Antália mostra que o Fórum de Diplomacia de Antália começou a atingir seus objetivos. Isso foi com referência à reunião tripartida dos ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e do ucraniano, Dmytro Kuleba, na quinta-feira, na presença do ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu.
O presidente turco também destacou que “dois milhões de refugiados ucranianos se juntaram à lista de refugiados em todo o mundo, aumentando, assim, os desafios internacionais”, explicando que realizou extensas ligações diplomáticas com 30 chefes de Estado sobre a crise na Ucrânia.
Erdogan expressou sua esperança de que a calma, a contenção e o silenciamento de armas prevaleçam o mais rápido possível na guerra Rússia-Ucrânia, acrescentando: “Estamos enfrentando uma cena devastadora na Ucrânia, em que civis inocentes estão morrendo e cidades estão sendo destruídas”.
Erdogan também descreveu o comportamento dos países ocidentais em relação aos escritores russos, especialmente o romancista Fiódor Dostoiévski, como semelhante à conduta dos mongóis liderados por Hulagu quando queimaram livros em Bagdá. Erdogan observou que, embora apoie a luta do povo ucraniano, “o racismo contra cidadãos de origem russa não pode ser aceito”.