Fazendeiros egípcios terão de vender ao menos 60% de seu trigo ao governo nesta estação, sob o risco de perder benefícios fiscais, segundo um documento que circulou entre os comerciantes locais, em meio a esforços do estado para conter a queda nas importações russo-ucranianas. As informações são da agência Reuters.
O regime do presidente Abdel Fattah el-Sisi teve de adotar uma série de medidas para proteger o fornecimento de trigo ao mercado nacional, devido à invasão da Rússia contra a Ucrânia, que suspendeu a maior parte das remessas ao país norte-africano.
Os países em guerra são dois dos principais fornecedores de trigo ao Egito por uma vasta margem. Desde a deflagração do conflito, o Cairo busca por alternativas para exportação.
O documento do ministério responsável pelo abastecimento sugeriu que os fazendeiros terão de repassar ao governo uma fração mínima de 12 ardebs (150 kg) por acre de terra. Cada acre costuma produzir 20 ardebs de trigo, em média.
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A regra deve aplicar-se também a quaisquer outras partes que tenham comprado trigo nacional antes da decisão entrar em vigor.
Após cumprir a cota, os fazendeiros terão de solicitar uma autorização para vender o restante a terceiros. Quem não cumprir as regras não terá acesso a subsídios para fertilizantes entre junho e setembro; além disso, não receberá apoio do Banco de Agricultura do Egito.
As regras também preveem incentivos a fazendeiros com lotes acima de 25 acres que venderem 90% ou mais ao governo.
Tais intervenções são incomuns sob o governo de Sisi. O Ministério da Agricultura não comentou os relatos, até então; não está claro se a proposta recebeu aprovação final.
Conforme o ministério, o objetivo é adquirir mais de seis milhões de toneladas de trigo do mercado local nesta estação – 66% a mais do que a quantidade comprada no ano anterior.
Segundo fontes oficiais, as reservas existentes de trigo e a colheita local devem conter oito meses de abastecimento de pão, cujo subsídio é disponibilizado a dois terços da população.
O governo aumentou o valor pago aos fazendeiros e estabeleceu uma proibição de três meses à exportação de trigo e farinha. Além disso, espera-se que o estado egípcio tabele o preço do pão não-subsidiado no mercado local.