Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Justiça condena Liga Cristã Mundial por ofensas ao islamismo

Iskandar Elias Riach (hoje falecido) em um dos vídeos ofensivos aos muçulmanos [ Youtube/Reprodução]

O Tribunal de Justiça de São Paulo, em acórdão da 9ª Câmara de Direito Privado, confirmou a condenação da Liga Cristã Mundial por dano moral coletivo promovido em vídeos com conteúdo ofensivo e disseminação do ódio contra a comunidade islâmica.

A Ação Civil Pública foi movida por Associação Nacional dos Juristas Islâmicos (ANAJI) contra Iskandar Elias Riach (excluído em face de seu falecimento), a Liga Cristã Mundial, condenada ao pagamento de indenização no valor de R$35.167,00, também as redes Facebook e Google, condenadas a deletar o material de suas plataformas.

Sobre a sugestão de fechamento de mesquitas, ficou claro que Iskandar mencionou isso como proposta a longo prazo, após nova constituinte.

A causa da ação são três publicações de vídeos com entrevistas com o fundador e presidente da Liga Cristã Mundial, Iskandar Elias Riachi, em que ele difundia mensagem de ódio aos seguidores da fé islâmica e à comunidade muçulmana no Brasil como um todo”. Entre outras aberrações, o entrevistado afirmava que não há muçulmano moderado, que são todos escravos da doutrina professada que não seria “uma religião de paz”. Alem disso, ele sugeria o fechamento de mesquitas no país e a exigência de “certidão de batismo cristão” para ingresso no território brasileiro. “O tom de generalidade transmite ao ouvinte o discurso de que os seguidores do Islã são todos terroristas e representam perigo ao país, devendo ser discriminados.” observou o relator Galdino Toledo Júnior.

LEIA: Organizações discutem reconstrução da EBC

O processo registra que, “ao final do primeiro vídeo,  há menção escrita que vincula o islamismo ao terrorismo, repetida nas palavras do então presidente da ré, Iskander, no segundo e no terceiro vídeos, pregando o Cristianismo como religião a ser seguida por todos os brasileiros, contra o suposto perigo terrorista, sustentando que a nova legislação sobre imigração traria ‘todo o lixo do mundo para cá’, com referência ao povo muçulmano”. A fala do presidente da Liga Mundial Cristã, de acordo com a sentença, “desbordou do direito de livre manifestação do pensamento para discurso de ódio e discriminação contra toda comunidade que professa a fé islâmica no país, com desprezo pelo islamismo, em afronta ao princípio fundamental da igualdade, contra a discriminação de brasileiros e estrangeiros residentes no país e à liberdade de crença e do exercício dos cultos religiosos.

Condenada em primeira instância, a Liga Cristã Mundial havia recorrido, alegando que liberdade de expressão tentando minimizar as falas com argumentos igualmente inaceitáveis. Por exemplo, havia dito que a defesa do fechamento de mesquitas se referia a um futuro pós-mudanças na Constituição.

As falas, conforme o juiz, “ não podem ser interpretadas como mera expressão do pensamento crítico, mas aptas a fomentar ódio e intolerância religiosa, o que viola a liberdade crença também reconhecida como direito fundamental na Constituição Federal.”

O processo registra que os vídeos foram publicados e visualizados por 12.566 vezes até a sua remoção, representando dano moral coletivo “àqueles que são seguidores da crença islâmica, ofendidos e indiscriminadamente apontados como terroristas e grave perigo à nação. Tais fatos são hábeis a propiciar xenofobia, perseguição étnica, intolerância, o que deve ser repudiado”, disse o relator.

Categorias
Ásia & AméricasBrasilNotícia
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments