Milhares de sudaneses saíram às ruas da capital Cartum nesta quinta-feira (17) para protestar contra o aumento nos preços e as condições de miséria que assolam o país.
Os manifestantes se reuniram perto do palácio presidencial com cartazes contra a situação econômica, reportou um correspondente in loco da agência de notícias Anadolu.
Na última semana, o governo militar voltou a desvalorizar a moeda nacional a cerca de 610 libras sudanesas para cada dólar. As autoridades defenderam a medida de austeridade sob pretexto de unificar as taxas de câmbio no país.
“As condições de vida se deterioram mais e mais a cada dia”, lamentou Walid Ahmed, engenheiro de 51 anos, ao repórter da agência Anadolu.
“Os preços no mercado local estão nas alturas”, reafirmou Ahmed. “As condições de vida estão péssimas e o custo das necessidades básicas tornou-se insuportável para os cidadãos comuns”.
“O governo suspendeu o subsídio de combustível, eletricidade, farinha e gás de comida”, acrescentou. “Isso tudo afetou os mercados, sem qualquer fiscalização das autoridades”.
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Sarah Hussein, de 30 anos, culpou a tomada militar do poder pelo agravamento da situação social no Sudão. “O golpe militar é responsável por essa deterioração econômica”, apontou.
“Há diversas sanções restabelecidas contra nosso país e doadores internacionais e organizações assistenciais decidiram reter bilhões de dólares que deveriam chegar antes do golpe”, destacou Hussein.
Em 25 de outubro de 2021, o exército sudanês depôs o governo transicional do premiê Abdalla Hamdok e promulgou “estado de emergência”. Protestos eclodiram contra o “golpe de estado”.
Até então, desde a queda do longevo ditador Omar al-Bashir, em 2019, o país era governado por um conselho civil-militar cuja prerrogativa era preparar eleições previstas para 2023.