Grandes picos de preços de alimentos e energia provocados pela invasão da Ucrânia pela Rússia levarão mais de 40 milhões de pessoas à pobreza extrema, disse o Centro para o Desenvolvimento Global (CGDEV, na sigla em inglês) na sexta-feira (18), alertando contra restrições às exportações e sanções à produção de alimentos russa, informou a Reuters.
Em um blog de análise, o centro com sede em Washington disse que os preços das commodities alimentares desde o início do conflito subiram acima dos níveis experimentados em picos de preços em 2007 e 2010. Ele citou a Pesquisa do Banco Mundial mostrando que o pico de 2007 pode ter empurrado até 155 milhões de pessoas para a pobreza extrema, e pesquisas separadas mostrando que o episódio de 2010 empurrou 44 milhões para a pobreza extrema.
“Os aumentos de preços observados, até o momento, já são de magnitude semelhante aos aumentos de 2010, e nossa análise sugere que pelo menos 40 milhões de pessoas serão empurradas para a pobreza extrema até o pico de preços de 2022”, escreveram os pesquisadores do CGDEV.
O Banco Mundial define pobreza extrema como viver com menos de US$ 1,90 por dia.
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Os pesquisadores disseram que a preocupação mais imediata era com os clientes diretos de trigo da Ucrânia e da Rússia, que juntos respondem por mais de um quarto das exportações mundiais de trigo. Esses incluem Egito, Indonésia, Bangladesh, Paquistão, Azerbaijão e Turquia, mas os preços vão subir em todo o mundo à medida que os importadores competem por suprimentos alternativos.
As famílias em países de baixa renda alocam quase metade de seus orçamentos para alimentos, e os preços mais altos forçarão “escolhas difíceis entre alimentos e outras necessidades”.
O blog do CGDEV instou as agências de desenvolvimento e as instituições financeiras internacionais a agirem rapidamente para responder a um claro aumento das necessidades humanitárias em todo o mundo, enquanto os governos ricos devem fornecer financiamento suplementar às instituições bem antes da próxima crise alimentar.