Líderes da Rússia e Ucrânia têm de reunir-se para conquistar a paz, afirma Turquia

Ibrahim Kalin, porta-voz da presidência turca, apontou neste sábado (19) para a necessidade de conduzir um “encontro estratégico” entre os líderes da Rússia e da Ucrânia, a fim de conquistar uma paz permanente, segundo informações da agência Anadolu.

Kalil afirmou à Al Jazeera que o governo turco de Recep Tayyip Erdogan tenta reunir “pontos de vista e canais distintos para encerrar a guerra”.

Ao mencionar negociações “técnicas” realizadas em Belarus, reiterou Kalin: “O primeiro encontro político ocorreu no Fórum de Diplomacia de Antália, com a presença de nosso chanceler [Mevlut Cavusoglu]”.

“Agora, o que precisamos é um encontro estratégico entre ambos os líderes nacionais, isto é, o presidente Vladimir Putin e o presidente Volodymyr Zelensky”, acrescentou.

Questões estratégicas sobre dimensões territoriais e o status legal de Donbas e Crimeia devem ser abordadas durante a reunião, segundo o porta-voz de Ancara.

“Temos esperanças de que haja maior convergência sobre tais questões e que esse encontro ocorra o mais breve possível, pois todos queremos que essa guerra chegue ao fim”, destacou.

Sobre a possibilidade de um acordo de paz, declarou Kalin: “É possível, mas como e quando? É essa a questão. Terá de ocorrer em algum momento. As equipes de negociação estão se aproximando cada vez mais, embora não haja qualquer consenso por escrito, até então”.

“Somente através de um encontro em nível estratégico que um acordo de paz, isto é, uma paz permanente ou cessar-fogo permanente, pode ser estabelecido”, observou.

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A Turquia manifestou seu apoio à “integridade territorial, soberania e unidade política” da Ucrânia. Kalin reafirmou que “não há maneira de tolerar, aceitar ou justificar essa guerra”.

“Temos também canais de comunicação abertos com o lado russo para tentar compreender suas preocupações de segurança que o levaram a agir dessa forma”, prosseguiu o porta-voz. “Mesmo embora, como eu disse, não seja justificável, temos de agir a longo prazo”.

Kalin, não obstante, constatou que o Kremlin aborda a guerra por seu caráter duplo, dado que há uma batalha material em campo e outra no âmbito econômico.

“As sanções atingem a economia russa e sua capacidade de financiar a guerra”, observou. “A longo prazo certamente haverá consequências. Creio que o presidente Putin debate todas as alternativas e possibilidades para chegar a algum tipo de acordo que preserve a Rússia como potência, mas também para materializar uma proposta de paz””.

Segundo o oficial turco, “análises psicológicas deste processo não ajudarão [pois] precisamos nos concentrar nas questões fundamentais, nos pontos estratégicos e nas ações políticas que deflagraram a guerra. Penso que devemos focar nisso ao invés dos personagens”.

“Creio que ambos os líderes, Zelensky e Putin, terão de colocar de lado suas opiniões pessoais pois sabemos que não há amor ou química entre eles”, reafirmou. “Isso é bastante óbvio, mas penso que colocarão os interesses de suas nações antes de todo o resto”.

Sobre o papel da Turquia em aproximar as partes, Kalin apontou que seu governo “mantém aberto um canal de confiança”. Para o porta-voz, “ambos os governantes confiam em nosso líder [Erdogan] e suas ações terão importância crítica quando chegar o tempo de reuní-los”.

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A Rússia invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro, sob apreensão internacional, o que resultou em sanções financeiras sobre o Kremlin e seus colaboracionistas, incluindo um êxodo generalizado de multinacionais do mercado russo.

Ao menos 847 civis foram mortos e 1.399 feridos na Ucrânia desde o início da guerra, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). As condições em campo, entretnato, dificultam o acesso a estimativas precisas.

Mais de 3.32 milhões de pessoas fugiram do país, segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

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