Nesta segunda-feira (21), uma corte do Líbano indiciou o governador do Banco Central, Riad Salameh, por enriquecimento ilícito, o que se soma a acusações instauradas contra o político veterano. As informações são da agência de notícias Reuters.
A juíza Ghada Aoun confirmou à imprensa que o caso está relacionado a compra e aluguel de apartamentos em Paris, incluindo em nome do Banco Central.
Salameh — de 71 anos, governador do Banco Central há quase três décadas — nega qualquer delito, sob pretexto de que uma auditoria (encomendada de próprio punho) demonstrou que sua fortuna não deriva de recursos públicos.
Desde a implosão do sistema financeiro do Líbano, em 2019, sua gestão enfrenta escrutínio cada vez mais contundente. Enquanto isso, grande parte da população decaiu à pobreza.
Aoun observou que Salameh não compareceu à audiência desta segunda-feira e, portanto, foi indiciado in absentia. O caso foi encaminhado a uma corte investigativa, incumbida de deferir ou não um mandado de prisão preventiva contra Salameh.
Na última semana, Aoun indiciou Raja Salameh, irmão do governador, sob as mesmas acusações, e ordenou sua prisão.
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Na sexta-feira (18), o advogado de Raja descreveu as acusações de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro como “infundadas” e “especulação da imprensa sem qualquer prova”.
Riad Salameh enfrenta outras investigações no país e no exterior, em ao menos cinco nações europeias, incluindo um inquérito na Suíça sobre desvio e lavagem de dinheiro envolvendo o Banco Central e uma companhia de seu irmão, no valor de US$300 milhões.
Salameh é membro sênior do regime libanês e negocia um eventual resgate estrangeiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI), visto por grande parte dos analistas como única maneira do país superar seu colapso fiscal.
Salameh continua a desfrutar de apoio da elite política no país levantino, incluindo o presidente do parlamento Nabih Berri e o primeiro-ministro Najib Mikati, apesar das denúncias contra ele e da insatisfação popular.
Críticos da juíza Aoun a acusam de agir conforme a agenda política do presidente libanês Michel Aoun e de seu Movimento Livre Patriota, que reivindica a exoneração de Salameh.
Ghada Aoun nega as alegações e insiste implementar a lei.