A Guerra na Ucrânia levou a pressões de países ocidentais sobre a Arábia Saudita para aumentar a produção de modo a compensar o bloqueio de fornecimento da Rússia. De acordo com a CNN, a Aramco, estatal petrolífera de Dubai, prometeu no domingo (20) aumentar os investimentos em cerca de 50% este ano.
O compromisso foi assumido junto com o relato da empresa de que seus lucros duplicaram em 2021. Os preços do petróleo já haviam saltado em 50% no ano passado, com a progressiva saída da pandemia de covid-19, levando a empresa a um lucro de 110 bilhões de dólares. Com a guerra na Ucrânia, os preços continuaram subindo, ficando acima de US$ 100 o barril.
Este anos, a Aramco deve distribuir US $75 bilhões a acionistas, conforme agências internacionais. Além disso, pretende aumentar suas despesas de capital para US$ 40-50 bilhões, prevendo mais crescimento até meados da década. Apesar da explosão dos preços, a oferta e direcionamento do petróleo saudita envolvem mais condicionantes.
Ataques houthis
A refinaria de petróleo Yanbu Aramco Sinopec informou que sua produção será reduzida temporariamente devido a ataques que o governo atribui ao grupo rebelde Houthi, do Iêmen, com uso de drones para atingir a refinaria, entre outros locais visados no país.
A redução na produção, em um momento em que os preços do petróleo disparam, não deve afetar os rendimentos sauditas.O Ministério da Energia assegurou em um comunicado que o corte “será compensado”, conforme informações da imprensa estatal da Arábia Saudita. Mas o governo espera maior comprometimento ocidental com a repressão aos houthis no Iêmen, assunto levado ao Conselho de Segurança da ONU, que atendeu ao pedido de aprovar moção condenando o movimento.
Negociação com a China
A Arábia Saudita poderá fixar parte de suas vendas em yuans, a moeda chinesa, para vender petróleo à China, segundo informações publicadas no Valor Econômico. Até agora, o dólar tem posição hegemônica no mercado mundial de petróleo.
As negociações não são de agora, mas podem se concretizar na medida que os sauditas estão descontentes com os Estados Unidos, especialmente pelo acordo nuclear de Biden com o Irã e a falta de apoio dos EUA à intervenção da Arabia Saudita na guerra do Iêmen.
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