A influente União Geral dos Trabalhadores da Tunísia (UGTT) alertou para uma greve do setor público em protesto contra as reformas econômicas propostas pelo governo, incluindo cortes nos subsídios e na massa salarial pública. O chefe do sindicato, Noureddine Taboubi, disse, na quarta-feira (30), que a ação de greve foi aprovada e que o órgão nacional da UGTT se reunirá em breve para decidir quando começará.
“Defendemos os pobres e marginalizados”, explicou Taboubi. “Não trairemos nossos princípios, custe o que custar.”
A Tunísia está conversando com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre maneiras de reduzir o déficit orçamentário. Um corte nos subsídios e na massa salarial pública é essencial, entre outras medidas, insiste o Fundo. No entanto, as propostas do governo para congelar salários, privatizar empresas estatais e eliminar subsídios no futuro são “inaceitáveis”, diz a UGTT.
O Banco Mundial concordou no início deste ano em emprestar US$ 400 milhões à Tunísia para ajudar cerca de 900.000 famílias tunisianas vulneráveis a lidar com as repercussões econômicas e de saúde da pandemia de covid-19. O financiamento adicional continuará a fornecer transferências de dinheiro para famílias pobres e de baixa renda, ao mesmo tempo em que fortalece o sistema de proteção social.
A Tunísia vive uma turbulência política desde julho do ano passado, quando o presidente, Kais Saied, suspendeu o parlamento, demitiu o primeiro-ministro e seu gabinete e assumiu poderes executivos. As medidas de Saied foram amplamente rejeitadas pelos partidos políticos tunisianos, que as veem como um “golpe” contra a Constituição.
De acordo com Mohamed Yassine Jelassi, presidente do Sindicato dos Jornalistas da Tunísia, as autoridades têm pressionado os meios de comunicação para promover e servir a agenda de Saied. Isso, explicou, ameaça a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão no país.
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